terça-feira, 10 de abril de 2012

Expandir projeto e consolidar novas UPPs é tarefa difícil, diz secretário de Segurança do Rio

É, Beltrame... Nada como um choque de realidade para o governo fluminense começar a perceber que a UPP está longe de ser a "cura milagrosa" para a violência do Rio

A expansão do projeto e a consolidação das novas unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro será tarefa difícil, diz o secretário de Segurança do estado, José Mariano Beltrame. Segundo ele, as UPPs contrariam interesses de criminosos que estão instalados nas favelas da capital fluminense há décadas.

Casos recentes de violência têm mostrado que quadrilhas armadas continuam exercendo controle sobre territórios considerados pacificados, como o Complexo do São Carlos, no centro da cidade, e o Morro da Mangueira, na zona norte, onde há UPPs instaladas há meses, além da Rocinha, na zona sul, e do Complexo do Alemão, no subúrbio, áreas que ainda não têm UPPs, mas estão ocupados há meses por forças policiais ou militares.

“Não há UPP fácil. Não há nada fácil no projeto. Não vamos conseguir mudar uma realidade histórica em meses. Se vai ser difícil [consolidar novas UPPs]? Tenho certeza de que vai ser difícil, porque mexe-se com interesses que estão instalados ali historicamente”, afirmou Beltrame.

O projeto das UPPs prevê a instalação dessas unidades em cerca de 40 áreas, que incluem mais de 150 favelas do estado. Até o momento, já foram implantadas 19 UPPs em cerca de 60 comunidades. O Complexo do Alemão, que está ocupado pelo Exército e pela Polícia Militar desde novembro de 2010, e a Rocinha, ocupada pela PM desde novembro do ano passado, devem ganhar UPPs ainda neste ano.

Em entrevista durante a abertura da feira internacional de segurança pública Laad Security 2012, no Rio de Janeiro, o secretário disse acreditar que a parte mais difícil do projeto de expansão e consolidação das UPPs está sendo executada neste momento, com a ocupação da Rocinha e do Complexo do Alemão.

"Nós não vamos desistir ou mudar esse programa. O que podemos é intensificá-lo. Estamos atentos para que, cada vez mais, a população sinta-se a vontade com a polícia ali e que as coisas melhorem. Agora, acabar com o tráfico e com a violência é algo que, creio, ninguém pode garantir. Temos que ficar vigilantes e consolidar esse processo para daí avançar para outras áreas", disse Beltrame.

Há, no entanto, entre as cerca de mil favelas ainda não ocupadas, comunidades consideradas violentas e que concentram grande atividade criminosa, como o Complexo da Maré, Jacarezinho, Manguinhos, as vilas Vintém e Kennedy e o Complexo da Coreia, todas no subúrbio do Rio.

Existem ainda comunidades no Grande Rio, principalmente na Baixada Fluminense, e nos municípios de São Gonçalo e Niterói que, segundo notícias veiculadas pela imprensa, teriam se tornado refúgio de criminosos fugidos de algumas favelas com UPPs.

*Reportagem publicada na Agência Brasil