quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Problemas nas UPP: Afinal, vamos precisar esperar 20 anos para ver bons resultados? Será que eles virão?

Leio no Jornal O Globo que o tráfico continua impondo o "terror" a moradores do Morro da Mangueira, que ganhou uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) há vários meses. Ouso dizer que isso é só um exemplo do que jaz sob o manto propagandístico de muitas UPP cariocas. Há outras que também apresentam problemas iguais ou até maiores do que a Mangueira. A desculpa atual e preferida das autoridades de segurança de que o tráfico está lá há 40 anos e demorará um período longo para ser resolvido é apenas meia verdade.

Sim, um problema histórico não se resolve de uma hora para outra. Por outro lado, ter paciência demais para se resolver um problema desse abre espaço para a corrupção da estrutura policial no local, ingerências políticas no projeto e contingências financeiras, entre outras questões.

Logo, esperar que o problema se resolverá naturalmente daqui a dez anos pela simples presença policial na área é, no mínimo, inocência. Além do mais, o discurso das autoridades ao inaugurar qualquer UPP é o de que, com a UPP, o morador parará IMEDIATAMENTE de ser afetado pelas quadrilhas armadas que atuavam no local.

Então, questionemos: afinal, o remédio tem eficácia IMEDIATA ou demorará 10, 15, 20 anos para fazer efeito? O problema é que quando o governo fluminense oferece o remédio à população, ele garante que você sentirá um efeito imediato. Mas quando algo dá errado, ele diz que a população não deve esperar efeito imediato e que você só vai sentir alguma mudança depois que você já tiver sido morto por um bandido.

Outra coisa. Se for para esperar dez, 15 ou 20 anos, é melhor investir em políticas públicas muito mais profundas e duradouras (que dispensam ocupações militares), com efeitos muito melhores do que as UPPs: como o fim das favelas (e sua substituição por casas decentes), a reforma das polícias, a melhoria do sistema de investigação policial, a restrição da circulação de armas, a legalização do comércio de substâncias hoje consideradas ilícitas, o fim da ingerência política na segurança pública etc.