segunda-feira, 23 de setembro de 2019

MAIS UMA CRIANÇA MORRE PORQUE GOVERNO INSISTE EM CONFUNDIR SEGURANÇA PÚBLICA COM GUERRA

Agatha é uma menina de 8 anos que morreu atingida por um disparo de arma de fogo.

Ela é a quinta criança morta no Rio de Janeiro, vítima de um tiro ocasionado por uma operação policial. Moradores dizem que a polícia atirou contra um suspeito e a bala atingiu a Kombi onde estava a criança, sem que houvesse uma troca de tiros.

É a quinta criança que morreu por causa de uma política de pseudossegurança que é calcada simplesmente no confronto armado.

E sabe por que nossa política é apenas calcada no confronto? Porque é uma política fácil de se fazer, porque atende aos anseios sanguinários da imprensa e de uma sociedade ignorante, porque não precisa atacar as causas da violência e, não menos importante, porque permite que todos os esquemas de corrupção envolvendo agentes do Estado continuem.

É mais fácil vender a imagem de que estamos em guerra e colocar a polícia todo dia entrando na favela e matando meia dúzia do que resolver problemas.

Todo mundo sabe que isso não resolve. Vivemos essa situação de confronto armado há décadas. Já tivemos governador dizendo que ia acabar com a violência em seis meses, já teve governador que disse que ia acabar com o tráfico até o fim do mandato, teve governador pagando bônus salarial pra policial que matasse mais gente e agora temos governador que fala pra atirar em qualquer que estiver portando uma arma.

Em comum a todos eles está o discurso fácil, a não resolução do problema e um número grande de mortes de inocentes nas costas.

É fácil pro governador mandar a polícia entrar todo dia na favela, prender um pé rapado, apreender uma arma velha e meia dúzia de trouxinhas de maconha. Não é ele que está se expondo ao risco de tomar um tiro.

É fácil pra sociedade como um todo aprovar esse teatro. Dá a sensação de que aquele bandido não vai mais te aceitar e não é seu filho que está morrendo nessa brincadeira de guerra.

E o policial? Bem, pra ele não é fácil participar desse teatro. Ele se expõe à morte toda vez que se confronta com criminosos armados. Mas muitos deles foram levados a pensar que estão lutando contra o crime e que vão vencer essa guerra se todo dia matarem os bandidos.

Bem, muitos já perceberam que isso não leva a nada. Mata um, entra outro no lugar. Sempte foi assim e se nada mudar na nossa sociedade, sempre será. Alguns deles são cínicos o suficiente pra ganhar dinheiro com essa pseudoguerra, vendendo armas, extorquindo bandidos, negociando proteção, e ainda assim achando que tem o direito de assassinar um criminoso de vez em quando.

Enfim, enquanto encararmos criminalidade como guerra muitas Agathas vão morrer.

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