segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Enquanto caem os homicídios, desaparecimentos continuam crescendo no Rio de Janeiro
Nos nove primeiros meses do ano, cresceu o número de pessoas desaparecidas no estado do Rio. De janeiro a setembro deste ano, ocorreram 4.432 desaparecimentos, 236 a mais em relação ao mesmo período do que ano passado. Um crescimento equivalente a 5,6%, segundo dados divulgados hoje (22) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Por outro lado, os registros de homicídios diminuíram 7,8%. Foram anotados 3.028 homicídios, 255 casos a menos que em 2011.
Em setembro, o ISP computou 515 casos de pessoas desaparecidas, cerca de 25% a mais do que os 414 do mesmo mês de 2011. Os números do instituto mostram ainda que esse tipo de ocorrência vem crescendo nos últimos anos: em 2006, foram 4.562 casos, saltando para 5.488 (20%), em 2011.
Uma das razões para o crescimento pode estar em uma mudança de comportamento de grupos criminosos do Rio de Janeiro, que, em vez de abandonar o corpo de suas vítimas, passaram a escondê-los. Segundo pesquisa divulgada no início deste mês, pelo Laboratório de Análise da Violência, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a estratégia de sumir com o corpo estaria sendo usada pelas milícias (grupos paramilitares formados, em grande parte, por policiais e ex-policiais que controlam comunidades populares para explorar diversos serviços).
O estudo mostrou que, nas áreas de milícia, há um aumento nos desaparecimentos, ao mesmo tempo em que diminuem os registros oficiais de mortes violentas. Mas para um dos coordenadores do estudo, o pesquisador Ignacio Campo, isso é difícil de comprovar.
“É difícil saber o que está por trás desse crescimento [dos registros de desaparecimento], sem uma pesquisa mais específica. Os desaparecimentos incluem alguns casos de homicídios, mas incluem também muitos casos que não têm nada a ver com homicídios. Sem dúvida nenhuma, é um caso para fica alerta”, declarou.
Até o fechamento desta matéria, a Secretaria de Segurança Pública não respondeu à solicitação de entrevista feita pela Agência Brasil.
*Reportagem publicada na Agência Brasil
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Moradores reclamam de revistas de casas no Jacarezinho
Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que ocupam a favela do Jacarezinho desde a última terça-feira (16), se reuniram hoje (19) com moradores da comunidade da zona norte da cidade do Rio. O objetivo do encontro foi apresentar os procedimentos dos policiais durante a ocupação, como a revista de suspeitos e a busca em residências.
Mais de 300 pessoas se reuniram na quadra da Escola de Samba Unidos do Jacarezinho. A maioria só queria ouvir o que os policiais tinham a dizer, mas alguns tinham dúvidas e incertezas em relação ao dia a dia da ocupação, ao funcionamento do comércio e ao trânsito dos mototaxistas.
Liandra Rodrigues da Silva, de 31 anos, pediu a palavra para reclamar de uma tentativa de invasão supostamente cometida por policiais.“Eu gostaria de pedir um favor. A gente trabalha, então, quando vocês vão fazer uma revista a gente não está em casa. Eu queria pedir que não tentem forçar minha porta novamente. É só agendar um horário que eu abro a porta para vocês”, disse Liandra, aplaudida por quase todos os moradores.
Depois, à Agência Brasil, ela disse que não foi possível identificar quem tentou arrombar sua porta, mas há histórico de tentativas de arrombamento pela polícia. O comandante do Bope, tenente-coronel René Alonso, pediu aos moradores que se certifiquem de que a tentativa de arrombamento foi feita pela polícia, antes de culpar os policiais. Segundo ele, há muitos casos de outras pessoas que se aproveitam da ausência do dono da casa para entrar e roubar seus pertences.
O morador Araguaci do Carmo, de 53 anos, disse que muitas pessoas estão reclamando de que tiveram suas casas revistadas várias vezes. “Algumas residências são duas, três, quatro vezes revistadas num dia. Vim pedir para que sinalizem as casas revistadas, para evitar que sejam revistadas de novo. Mas ninguém está reclamando da ocupação”, disse. O comandante garantiu que vai passar a marcar essas casas, para evitar buscas continuadas em um mesmo local.
Durante a reunião, René Alonso pediu que os moradores denunciem casos de abuso. Garantiu a Polícia Militar não recebeu denúncia de desvios cometidos por policiais. “Pelo contrário, o que a gente recebeu são informações positivas a esse respeito”, disse.
O tenente-coronel negou que haja toque de recolher e disse que eles podem circular pela comunidade a qualquer hora do dia. Sobre eventos culturais, informou que precisam ser autorizados com antecedência, para evitar transtornos a outros moradores. Os mototaxistas, segundo ele, serão alvo de fiscalização, para verificar se sua documentação está em dia e se o condutor usa o equipamento exigido pelas leis de trânsito
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