segunda-feira, 2 de julho de 2012

No Rio “pacificado”, Justiça eleitoral vai pedir que Exército atue em favelas com UPPs durante eleições

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE/RJ), Luiz Zveiter, anunciou hoje que, durante as eleições municipais de outubro deste ano, serão criadas no estado do Rio de Janeiro “zonas de exclusão”. Trata-se de áreas que funcionarão no entorno de algumas seções eleitorais fluminenses, durante o período de votação, em que os cidadãos não poderão ficar parados ou zanzando a toa. A ideia é evitar que grupos criminosos, como milícias e traficantes, coajam eleitores a votar nos candidatos apoiados por essas quadrilhas. Para patrulhar essas zonas “críticas” onde a intromissão de criminosos no processo eleitoral ainda impera, Zveiter vai pedir a ajuda do Exército, que prenderá os cidadãos que desrespeitarem as restrições de circulação nessas áreas. Até aí tudo bem. o Exército já participou de esquemas de segurança em eleições anteriores, justamente para garantir o sagrado direito ao voto de cada cidadão. O interessante nessa história é lembrar que a atuação de grupos criminosos ainda segue forte no estado do Rio de Janeiro, apesar do governo querer passar a ideia de que o Rio está se livrando do jugo desses bandos. Mais ainda, que continua forte a ligação desses grupos criminosos com “políticos” no estado. Ou seja, traficantes e milicianos continuam “patrocinando” a campanha de determinados candidatos, para elegê-los e manter sua influência nas casas legislativas (e por que não, nos executivos) do estado. O mais surpreendente dessa história toda ainda está por vir. Zveiter disse que, entre as áreas críticas onde o direito democrático ao voto vive sob risco, estão comunidades “beneficiadas” com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) que supostamente, segundo o governo do estado do Rio de Janeiro, estão “livres da ditadura do tráfico”. Em suma, se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizar o uso do Exército nas eleições do Rio de Janeiro, as forças armadas vão ocupar favelas “pacificadas”. A questão é: se é necessário que os verdes-olivas subam favelas “pacificadas”, com seus fuzis e blindados, para garantir que cidadãos exerçam um direito básico, então as UPPs não estão conseguindo atingir seu intento com eficácia. Zveiter não revelou que favelas são essas, que precisam de militares fortemente armados para garantir uma votação sem problemas. Mas possivelmente Rocinha e Complexo do Alemão estão entre elas. Ambas favelas estão ocupadas há meses pelas forças policiais, mas não conseguem evitar a atuação ostensiva de quadrilhas armadas. O mesmo acontece com o Complexo do São Carlos e outras comunidades, em menor escala. Esse post é apenas para refletir que ainda temos um longo caminho pela frente para dizermos que os problemas de violência e criminalidade estão resolvidos.