Uma investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Estadual concluída hoje (26) revelou um esquema de desvio de munições da Polícia Militar do Rio de Janeiro para quadrilhas armadas do estado. O esquema envolvia um cabo do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e criminosos do Complexo do Alemão, na zona norte da cidade do Rio.
As investigações começaram em fevereiro deste ano e levaram à apreensão de 2.400 munições de fuzis e pistola, que estavam com um casal na cidade de Itaboraí, na região metropolitana do Rio, no último dia 16. A partir daí, os policiais descobriram o envolvimento do policial e de criminosos da facção criminosa que controlava a venda de drogas no Alemão.
Segundo o chefe do Núcleo de Operações da Delegacia de Repressão ao Tráfico de Armas da Polícia Federal, Délcio de Luca, um rastreamento das munições apreendidas mostrou que grande parte vinha da própria Polícia Militar do Rio.
Segundo o delegado, o grupo criminoso negociava também fuzis e pistolas, possivelmente provenientes de apreensões feitas por policiais durante operações em favelas fluminenses. “A munição apreendida vinha em grande parte da Polícia Militar. Quanto ao armamento [que era negociado] não temos o rastreamento da origem, de onde eram as armas comercializadas. Elas podem ser fruto de espólio da ocupação dos morros, mas isso ainda não foi confirmado”, disse Délcio de Luca.
De acordo com a Polícia Federal, as armas e munições negociadas pelo grupo eram repassadas a criminosos que fugiram do Complexo do Alemão, durante a ocupação da favela pelas Forças Armadas em novembro de 2010, e que hoje atuam em outras comunidades da própria cidade, como a favela do Arará, na zona norte, e de outras cidades da região metropolitana, como São Gonçalo e Itaboraí.
Dois criminosos que participavam do esquema de compra e venda de armas e munições ainda continuavam inclusive no próprio Complexo do Alemão, onde foram presos hoje pelos policiais federais. Pelo menos 13 pessoas tiveram mandados de prisão preventiva decretados pela Vara Criminal de Itaboraí, por suspeita de envolvimento no esquema.
Segundo o promotor de Justiça Antonio Carlos Pessanha, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público, o esquema criminoso é mais uma prova de que bandidos de favelas do Rio de Janeiro ocupadas por unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) estão migrando para outras áreas, como comunidades da área de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. De acordo com o promotor, que atua em Itaboraí, o fenômeno é preocupante para a região.
“Com a instalação das UPPs, vários marginais estão se deslocando para essa região. Pelas escutas telefônicas, pudemos que esses bandidos saíram do Alemão por causa da [futura] instalação da UPP. São bandidos que se autodenominam nômades: onde for instalada uma UPP, eles vão sair e procurar um lugar mais tranquilo para exercer sua atuação ilícita”, afirmou.
terça-feira, 26 de julho de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
Ocupação da Mangueira: mais um sinal amarelo para as UPP
Sinal amarelo para a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Mangueira. Apesar de não ser favela muito grande, policiais enfrentarão outro desafio: resistência da população.
O comandante das UPP, coronel Robson Rodrigues, assinala que os desafios para o sucesso da política são de várias naturezas: geográfica, social, histórica etc. No caso do Alemão, a UPP enfrentará provavelmente os três desafios ao mesmo tempo.
No caso da Mangueira, o fator histórico, em que a população sempre teve boa relação com os criminosos e uma péssima relação com a polícia, deverá pesar demais, já que a simples ocupação militar territorial não será suficiente. Pelo menos é o que mostram matérias publicadas hoje nos jornais O Dia e O Globo
De qualquer forma, venho repetindo que o modelo de UPP, como foi concebido e implantado nas primeiras favelas, pode não funcionar para todas as comunidades fluminenses.
A Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro precisa deixar de lado a arrogância e ajustar o conceito de UPP para a realidade das ruas. Caso contrário, poderemos estar sepultando as UPP daqui a dois ou três anos.
Já repeti varias vezes que as UPP das favelas do suburbio nao funcionariam da mesma forma que as UPP originais, da zona sul (veja o arquivo deste blog). As condições geograficas e sociais do subúrbio carioca e da periferia fluminense são completamente diferentes daquelas das favelas da zona sul.
Apesar de mostrar problemas mesmo em UPP de favelas menores, sempre apostei que a UPP do Alemão será o ponto crítico dessa política, pelos diversos fatores que já abordei neste blog.
A UPP do Alemão vai ser implantada dentro de alguns meses e a Secretaria de Segurança parece não estar se preparando para ela. Esses é o conselho de quem acredita que as UPP não são a solução para o nosso problema de violência extrema. Mas que deseja que, se for para elas existirem, tudo dê certo.
O comandante das UPP, coronel Robson Rodrigues, assinala que os desafios para o sucesso da política são de várias naturezas: geográfica, social, histórica etc. No caso do Alemão, a UPP enfrentará provavelmente os três desafios ao mesmo tempo.
No caso da Mangueira, o fator histórico, em que a população sempre teve boa relação com os criminosos e uma péssima relação com a polícia, deverá pesar demais, já que a simples ocupação militar territorial não será suficiente. Pelo menos é o que mostram matérias publicadas hoje nos jornais O Dia e O Globo
De qualquer forma, venho repetindo que o modelo de UPP, como foi concebido e implantado nas primeiras favelas, pode não funcionar para todas as comunidades fluminenses.
A Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro precisa deixar de lado a arrogância e ajustar o conceito de UPP para a realidade das ruas. Caso contrário, poderemos estar sepultando as UPP daqui a dois ou três anos.
Já repeti varias vezes que as UPP das favelas do suburbio nao funcionariam da mesma forma que as UPP originais, da zona sul (veja o arquivo deste blog). As condições geograficas e sociais do subúrbio carioca e da periferia fluminense são completamente diferentes daquelas das favelas da zona sul.
Apesar de mostrar problemas mesmo em UPP de favelas menores, sempre apostei que a UPP do Alemão será o ponto crítico dessa política, pelos diversos fatores que já abordei neste blog.
A UPP do Alemão vai ser implantada dentro de alguns meses e a Secretaria de Segurança parece não estar se preparando para ela. Esses é o conselho de quem acredita que as UPP não são a solução para o nosso problema de violência extrema. Mas que deseja que, se for para elas existirem, tudo dê certo.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Entrevista a blogueiro americano
Posto abaixo os vídeos com trechos da entrevista sobre a situação da segurança pública no Rio de Janeiro que concedi ao blogueiro/pesquisador americano Andrew Fishman, que mantém o blog Rio Radar.
A entrevista foi gravada no dia 8 de junho e foi publicada ontem (30/6). Veja primeiro o vídeo de cima e, depois, a continuação abaixo.
A entrevista foi gravada no dia 8 de junho e foi publicada ontem (30/6). Veja primeiro o vídeo de cima e, depois, a continuação abaixo.
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