sexta-feira, 18 de maio de 2012

Ocupação do Morro Santo Amaro com a Força Nacional de Segurança: um novo ato do espetáculo circense montado pelo governo do Rio

Hoje acordei com a notícia de que o Morro Santo Amaro, no Catete, zona sul da cidade do Rio de Janeiro, está sendo ocupado pela polícia e pela Força Nacional de Segurança. A ação supostamente faz parte do plano nacional de combate ao crack, do governo federal. A justificativa oficial é que o Morro, que era um dos poucos da zona sul que ainda não havia sido "pacificado" pela Polícia Militar, serve de entreposto para a venda e distribuição do subproduto da cocaína para diversas áreas da zona sul do Rio de Janeiro. A questão é que, se tem uma coisa que é unanimidade no que se refere às Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) é: a ocupação militar não consegue acabar com a venda de drogas nas favelas. Isto até o governo admite. De acordo com o próprio secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o objetivo da ocupação das favelas com a polícia pacificadora é "acabar com a ditadura do fuzil" (seja lá o que isso significar). Se a UPP consegue realmente acabar com a ditadura do fuzil, essa é uma questão discutível (na minha opinião, as UPPs conseguem, no máximo, minimizar a "ditadura do fuzil" mas não acabar com ela). Mas o que Beltrame diz, com certeza, é que o objetivo dessas ocupações não é "acabar com a venda de drogas", algo que, segundo ele, é impossível de se atingir com uma simples ocupação militar. Por que diabos então a estratégia escolhida pelo governo para "acabar" com a venda de crack na zona sul é OCUPAR a favela Santo Amaro? É claro que isso não vai dar certo. É óbvio que essa é uma ação para chamar a atenção do público (como o foram todas as ocupações de favelas ocorridas nos últimos quatro anos). Ainda mais porque eles decidiram chamar a Força Nacional de Segurança (lembram dela?) para fazer a ocupação. Depois que ocupou grandes favelas como a Rocinha e o Complexo do Alemão, o governo sabia que uma simples ocupação policial numa favela minúscula como o Morro Santo Amaro não seria espetáculo suficiente. Por isso, chamou a Força Nacional de Segurança para requentar o show e dar um suposto ineditismo na ação (que não tem nada de inédita). Depois do Exército, Marinha e Força Nacional, qual será a próxima cartada do governo do Estado, para continuar espetacularizando as ocupações em favelas? Usar os ex-combatentes da Segunda Guerra? Ocupar favelas com os Dragões da Independência? Pedir ao Conselho de Segurança da ONU uma força de paz multinacional? A imaginação da Secretaria de Segurança não tem fim...

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