A Polícia Militar está neste momento ocupando mais uma comunidade da região da Grande Tijuca, para implantar Unidades de Polícia Pacificadora (UPP): Morro dos Macacos. Em breve, será a vez da área de São João/Matriz.
Com essas duas favelas, a Secretaria de Segurança dá mais um passo para consolidar o cinturão “pacificador” da Tijuca. Já foram ocupados o Andaraí, o Borel, a Formiga, o Salgueiro e o Turano. Há planos de brevemente ocupar a Mangueira e os complexos de favelas do Catumbi e Rio de Comprido (São Carlos, Mineira, Coroa, Fallet, Fogueteiro, Prazeres etc).
O cronograma da UPP não menciona, pelo menos por enquanto, a ocupação de duas favelas que precisariam fazer parte desse cinturão: o Morro do Encontro, que é separado do Morro dos Macacos por apenas duas ruas, e o Complexo do Lins, conjunto de favelas vizinho ao Morro do Encontro.
Ambas favelas ficam no maciço do Grajaú e são cortadas pela Auto-Estrada Grajaú-Jacarepaguá, única ligação direta de Jacarepaguá com a Grande Tijuca. Sem uma ocupação por UPP, essas serão umas das poucas na região sem a presença policial.
A Auto-Estrada Grajaú-Jacarepaguá já tem um histórico de arrastões, tiroteios e bloqueios por criminosos.
Diante desse histórico e do fato de ser uma das poucas áreas sem a presença permanente da polícia, a Auto-Estrada Grajaú-Jacarepaguá pode se tornar uma nova Faixa de Gaza, um lugar perigoso para motoristas que precisam trafegar diariamente por essa via.
Por enquanto, a Grajaú-Jacarepaguá tem passado praticamente ilesa por essa onda de arrastões e assaltos que têm assolado o Rio de Janeiro. Mas esse quadro pode mudar depois da instalação da UPP nas favelas vizinhas dos Macacos e Matriz/São João e, posteriormente, de outras comunidades como a Mangueira, Fogueteiro, Prazeres, Fallet etc.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Tropa de Elite 2 e o verdadeiro problema da segurança no Rio de Janeiro
Sugiro a quem ainda não viu o filme que não leia este artigo, já que ele revela o final da história
Ontem assisti ao filme Tropa de Elite 2 no cinema. Devo dizer que me identifiquei muito com algumas partes do filme. Em especial com o final do filme. O enredo coaduna com tudo o que venho escrevendo neste blog e no meu twitter (@vitorabdala) há meses.
Não vou aqui entrar em detalhes e nem dizer o que é verdadeiro e o que é falso no filme (até porque meu amigo Jorge Antônio Barros, o Repórter de Crime, já o fez em um artigo para o caderno Rio Show, de O Globo, na última sexta-feira, com muito mais competência do que eu poderia ter feito).
Quero apenas ressaltar uma parte importante do enredo do filme que, talvez, o espectador do filme não tenha dado a devida atenção. Uma parte que, pelo menos para mim, é a mais importante de Tropa de Elite 2: a mudança de pensamento do personagem principal do filme, Coronel Nascimento (vivido por Wagner Moura).
A mudança no pensamento de coronel Nascimento é radical, mas vai se dando vagarosamente ao longo do filme. Tropa de Elite 2 começa com coronel Nascimento pensando como um verdadeiro caveira: a eliminação do bandido é o caminho para a solução dos problemas e para a pacificação do estado do Rio de Janeiro.
Durante a cena de uma rebelião no presídio de Bangu 1, o chefe da principal facção criminosa do Rio de Janeiro toma o controle da penitenciária a fim de eliminar seus oponentes da quadrilha rival.
Nascimento, então comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), é chamado a intervir para acabar com a rebelião e pensa que a solução é deixar todo mundo se matar dentro do presídio. Ele imagina que a solução é deixar que os bandidos se matem entre si e que o Bope elimine quem sobreviver.
Mas o coronel caveira logo tem seus planos frustrados porque um “intelectualzinho de esquerda, pertencente a uma ONG de direitos humanos” resolve intervir para por um fim à barbárie, a pedido do governador, que não quer mortes para que isso não afete sua reeleição. Coronel Nascimento pensa que seria muito mais fácil se não existisse o “pessoal dos direitos humanos” para defender bandido.
No final, apesar dos esforços do ativista de direitos humanos (o historiador Fraga, que depois se torna deputado estadual), o Bope acaba executando o chefe da rebelião. O episódio pega mal para Nascimento e a cúpula do governo e da segurança resolvem castigar o coronel.
Mas, para a surpresa do governo, Nascimento é aclamado pela sociedade. O caveira é aplaudido nas ruas pelo povo, que está cansado de ver sangue no Rio de Janeiro e que, por isso, paradoxalmente, defende que a polícia resolva os problemas derramando mais sangue.
A contragosto, o governador (em busca da reeleição) se vê obrigado a atender ao “povo”, para não perder votos, e pune o “herói” caveira com uma promoção. Nascimento deixa o comando do Bope e assume a Subsecretaria de Inteligência.
Na cadeira de subsecretário, Nascimento ainda mantém sua visão deturpada de resolver o crime matando traficante e vê sua nova posição hierárquica como uma oportunidade de tornar o Bope uma “máquina de guerra”.
O coronel-subsecretário continua achando que a culpa de todos os males é de duas dúzias de raquíticos favelados empunhando fuzis dentro das favelas e dos maconheiros (que, na visão deturpada de Nascimento, são os verdadeiros culpados, porque eles financiariam a guerra).
Nascimento segue em sua cruzada moral para “limpar” a cidade dos favelados raquíticos com seus fuzis. O coronel diz que sua estratégia quebra a espinha do tráfico.
Em sua visão deturpada de mundo (talvez criada durante seu exigente treinamento militar, talvez gerada pelo convívio com colegas de farda, talvez construída a partir de informações obtidas por uma mídia falso-moralista), coronel Nascimento é incapaz de ver o óbvio: o problema não são os magrinhos que, muitas vezes, sequer sabem usar as potentes armas que empunham.
O buraco é bem mais embaixo. O problema da violência tem raízes muito mais profundas do que a visão através da mira do fuzil é capaz de compreender.
Nascimento continua sendo muito eficiente para matar, de forma sistemática, a suposta “escória social”, a suposta “causa de todos os males”. Mas com todo seu treinamento militar e sua vontade de acabar com o crime, o caveira é incapaz de ver que está sendo usado apenas como um peão num jogo de xadrez bestial.
Nascimento está cegado pelo mesmo senso comum que cega toda a sociedade: o bandido pobre é mal e, ao eliminá-lo, estaremos salvando a sociedade do caos. Ele não vê que, cada vez mais, o Estado se solidariza com o crime.
No filme, as milícias se espalham pelo Estado, controladas por agentes do Estado e aceitas (até apoiadas!) pelos mais altos escalões da administração pública.
A sociedade, a imprensa e o herói caveira não vêem isso. Ninguém é capaz de perceber que o problema nunca foram os magrinhos.
É preciso que um “intelectualzinho de esquerda, ativista dos direitos humanos e suposto defensor de bandidos”, o agora deputado Fraga, chame a atenção para o novo fenômeno.
Ao contrário do coronel Nascimento, o deputado-historiador Fraga, na verdade, sabe que o problema das milícias é apenas a manifestação de mais um sintoma de uma doença que, como um câncer ou uma síndrome de imunodeficiência, vai consumindo a sociedade fluminense e brasileira.
Fraga sempre soube que o problema não era o bandidinho de merda da favela. Ele sempre soube que não adiantava eliminar 10 mil favelados. Ele sempre soube que deixar os chefes das facções se matarem dentro de um presídio decrépito não resolveria. Ele sempre soube que a carnificina proporcionada pela polícia dentro das favelas não reduziria a violência.
Fraga sempre soube que o problema é mais profundo. Ele sempre soube que um sistema penitenciário falido é uma bomba-relógio (qualquer um que conhece a história das principais facções criminosas do Brasil, todas surgidas dentro de presídios, também saberia).
Fraga sempre soube que a polícia fluminense (e a brasileira como um todo) está corrompida de cima abaixo. Ele sempre soube que as leis brasileiras só funcionam para alguns, que elas só punem os pobres. Ele sempre soube que a tal impunidade que tanto se fala na imprensa só beneficia os ricos.
Aliás, Fraga sempre soube muitas outras coisas (apesar do filme não revelar isso, eu imagino que ele sempre soube de várias outras coisas). Ele sempre soube, por exemplo, que os políticos não se interessam por resolver os problemas reais da população, porque é na pobreza, na necessidade e na ignorância que o clientelismo político se prolifera. É na desigualdade social que o sistema político se retroalimenta e que os políticos se reelegem infinitamente.
Fraga sempre soube que a sociedade brasileira é uma sociedade doente. Ele sempre soube que não adianta vigiar apenas os pobres e tapar o olho para as ilegalidades cometidos pelos ricos e poderosos. Ele sempre soube que caveirão não entra em condomínio de luxo para prender traficantes.
Fraga sempre soube que uma pessoa ferida na zona sul choca muito mais a imprensa (e consequentemente a sociedade) do que uma chacina de 30 mortos na Baixada Fluminense. Ele sempre soube que banqueiros e deputados nunca vão presos (e que seus processos sempre são prescritos antes do julgamento). Ele sempre soube que políticos bandidos dificilmente terão suas candidaturas cassadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ele sempre soube que as autoridades governamentais manipulam dados, falseiam a realidade, entorpecem a sociedade com uma falsa ideia de um Rio pacificado, mesmo que o estado viva um caos.
Ele sabe que não adianta ficar contando corpos aos milhares nas favelas, enquanto todo a polícia, a Justiça, a política, as instituições públicas existirem para defender interesses particulares.
Fraga não é burro. Fraga sempre dedicou sua vida a tentar entender a sociedade. Fraga tem uma visão mais ampla da segurança pública.
O problema é que Fraga é uma voz minoritária. Ele não consegue fazer com que sua voz reverbere fora da universidade. Ele não consegue fazer com que o povo compreenda seu pensamento. Ele não consegue nadar contra a maré do senso comum, das notícias policiais simplistas, dos programas sensacionalistas da TV, da visão predominante no botequim, do discurso governamental.
Por isso Fraga (visto equivocadamente pela sociedade como um defensor de bandidos) foi capaz de ver o fenômeno das milícias, foi capaz de ver quem eram os verdadeiros bandidos. Coisa que o coronel caveira e a sociedade não conseguiu ver de início.
Nascimento vai acordando para a verdade aos poucos, ao começar a perceber que os inimigos não eram os magrinhos da favela, mas seus colegas de Secretaria, seus subordinados na polícia, o comandante-em-chefe do estado do Rio de Janeiro (em busca de reeleição) no Palácio Guanabara.
Nascimento desperta de vez quando seu filho é fuzilado dentro do carro e quando ele próprio é alvo de um atentado promovido por policiais, a mando do ex-secretário de Segurança (e candidato a deputado federal).
Então, como se livrasse dos grilhões e saísse da caverna do mito de Platão, Nascimento acorda. Ele vê que o “intelectualzinho defensor de bandido” estava certo. Ele então decide abrir o jogo e aceita depor na CPI das Milícias.
Num final devastador, Tropa de Elite 2 mostra um coronel caveira matador se lamentando por ter sido usado como um peão num jogo de xadrez que não tem fim e no qual a sociedade e a verdadeira polícia nunca sairão ganhando. Por mais que centenas de peões policiais matem milhares de peões bandidos, os reis e rainhas nunca serão colocados em xeque.
Então, coronel Nascimento (com mais mortes nas costas do que Jason, Alien e o Predador juntos) se pergunta, como que num dilema Hamletiano: Por que matei tanta gente? Para quem matei toda essa gente?
A resposta é: Nascimento matou toda aquela gente para que o jogo sujo de faz-de-conta continuasse. As autoridades de segurança fingem que resolvem o problema matando bandidos e inocentes, ocupando favelas, fazendo operações policiais, instalando Unidades de Polícia (pseudo)Pacificadora, para que toda a sujeira continue acontecendo. Para que os esquemas de corrupção continuem ocorrendo. Para que o dinheiro para a campanha continue entrando nos cofres dos candidatos. Para que a sociedade ache que o problema está sendo resolvido. Para que deputados, prefeitos, senadores e governadores continuem sendo eleitos e reeleitos.
Então, Nascimento encerra o filme com uma pergunta que bate como um verdadeiro soco no estômago dos fluminenses (principalmente duas semanas depois do resultado de uma eleição estadual): quem é o culpado por isso tudo?
Afinal, quem mantém todo esse sistema funcionando? Quem vai manter esse sistema por pelo menos mais quatro anos? Quem é capaz de mudar o sistema com o simples teclar em uma urna eletrônica?
Ontem assisti ao filme Tropa de Elite 2 no cinema. Devo dizer que me identifiquei muito com algumas partes do filme. Em especial com o final do filme. O enredo coaduna com tudo o que venho escrevendo neste blog e no meu twitter (@vitorabdala) há meses.
Não vou aqui entrar em detalhes e nem dizer o que é verdadeiro e o que é falso no filme (até porque meu amigo Jorge Antônio Barros, o Repórter de Crime, já o fez em um artigo para o caderno Rio Show, de O Globo, na última sexta-feira, com muito mais competência do que eu poderia ter feito).
Quero apenas ressaltar uma parte importante do enredo do filme que, talvez, o espectador do filme não tenha dado a devida atenção. Uma parte que, pelo menos para mim, é a mais importante de Tropa de Elite 2: a mudança de pensamento do personagem principal do filme, Coronel Nascimento (vivido por Wagner Moura).
A mudança no pensamento de coronel Nascimento é radical, mas vai se dando vagarosamente ao longo do filme. Tropa de Elite 2 começa com coronel Nascimento pensando como um verdadeiro caveira: a eliminação do bandido é o caminho para a solução dos problemas e para a pacificação do estado do Rio de Janeiro.
Durante a cena de uma rebelião no presídio de Bangu 1, o chefe da principal facção criminosa do Rio de Janeiro toma o controle da penitenciária a fim de eliminar seus oponentes da quadrilha rival.
Nascimento, então comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), é chamado a intervir para acabar com a rebelião e pensa que a solução é deixar todo mundo se matar dentro do presídio. Ele imagina que a solução é deixar que os bandidos se matem entre si e que o Bope elimine quem sobreviver.
Mas o coronel caveira logo tem seus planos frustrados porque um “intelectualzinho de esquerda, pertencente a uma ONG de direitos humanos” resolve intervir para por um fim à barbárie, a pedido do governador, que não quer mortes para que isso não afete sua reeleição. Coronel Nascimento pensa que seria muito mais fácil se não existisse o “pessoal dos direitos humanos” para defender bandido.
No final, apesar dos esforços do ativista de direitos humanos (o historiador Fraga, que depois se torna deputado estadual), o Bope acaba executando o chefe da rebelião. O episódio pega mal para Nascimento e a cúpula do governo e da segurança resolvem castigar o coronel.
Mas, para a surpresa do governo, Nascimento é aclamado pela sociedade. O caveira é aplaudido nas ruas pelo povo, que está cansado de ver sangue no Rio de Janeiro e que, por isso, paradoxalmente, defende que a polícia resolva os problemas derramando mais sangue.
A contragosto, o governador (em busca da reeleição) se vê obrigado a atender ao “povo”, para não perder votos, e pune o “herói” caveira com uma promoção. Nascimento deixa o comando do Bope e assume a Subsecretaria de Inteligência.
Na cadeira de subsecretário, Nascimento ainda mantém sua visão deturpada de resolver o crime matando traficante e vê sua nova posição hierárquica como uma oportunidade de tornar o Bope uma “máquina de guerra”.
O coronel-subsecretário continua achando que a culpa de todos os males é de duas dúzias de raquíticos favelados empunhando fuzis dentro das favelas e dos maconheiros (que, na visão deturpada de Nascimento, são os verdadeiros culpados, porque eles financiariam a guerra).
Nascimento segue em sua cruzada moral para “limpar” a cidade dos favelados raquíticos com seus fuzis. O coronel diz que sua estratégia quebra a espinha do tráfico.
Em sua visão deturpada de mundo (talvez criada durante seu exigente treinamento militar, talvez gerada pelo convívio com colegas de farda, talvez construída a partir de informações obtidas por uma mídia falso-moralista), coronel Nascimento é incapaz de ver o óbvio: o problema não são os magrinhos que, muitas vezes, sequer sabem usar as potentes armas que empunham.
O buraco é bem mais embaixo. O problema da violência tem raízes muito mais profundas do que a visão através da mira do fuzil é capaz de compreender.
Nascimento continua sendo muito eficiente para matar, de forma sistemática, a suposta “escória social”, a suposta “causa de todos os males”. Mas com todo seu treinamento militar e sua vontade de acabar com o crime, o caveira é incapaz de ver que está sendo usado apenas como um peão num jogo de xadrez bestial.
Nascimento está cegado pelo mesmo senso comum que cega toda a sociedade: o bandido pobre é mal e, ao eliminá-lo, estaremos salvando a sociedade do caos. Ele não vê que, cada vez mais, o Estado se solidariza com o crime.
No filme, as milícias se espalham pelo Estado, controladas por agentes do Estado e aceitas (até apoiadas!) pelos mais altos escalões da administração pública.
A sociedade, a imprensa e o herói caveira não vêem isso. Ninguém é capaz de perceber que o problema nunca foram os magrinhos.
É preciso que um “intelectualzinho de esquerda, ativista dos direitos humanos e suposto defensor de bandidos”, o agora deputado Fraga, chame a atenção para o novo fenômeno.
Ao contrário do coronel Nascimento, o deputado-historiador Fraga, na verdade, sabe que o problema das milícias é apenas a manifestação de mais um sintoma de uma doença que, como um câncer ou uma síndrome de imunodeficiência, vai consumindo a sociedade fluminense e brasileira.
Fraga sempre soube que o problema não era o bandidinho de merda da favela. Ele sempre soube que não adiantava eliminar 10 mil favelados. Ele sempre soube que deixar os chefes das facções se matarem dentro de um presídio decrépito não resolveria. Ele sempre soube que a carnificina proporcionada pela polícia dentro das favelas não reduziria a violência.
Fraga sempre soube que o problema é mais profundo. Ele sempre soube que um sistema penitenciário falido é uma bomba-relógio (qualquer um que conhece a história das principais facções criminosas do Brasil, todas surgidas dentro de presídios, também saberia).
Fraga sempre soube que a polícia fluminense (e a brasileira como um todo) está corrompida de cima abaixo. Ele sempre soube que as leis brasileiras só funcionam para alguns, que elas só punem os pobres. Ele sempre soube que a tal impunidade que tanto se fala na imprensa só beneficia os ricos.
Aliás, Fraga sempre soube muitas outras coisas (apesar do filme não revelar isso, eu imagino que ele sempre soube de várias outras coisas). Ele sempre soube, por exemplo, que os políticos não se interessam por resolver os problemas reais da população, porque é na pobreza, na necessidade e na ignorância que o clientelismo político se prolifera. É na desigualdade social que o sistema político se retroalimenta e que os políticos se reelegem infinitamente.
Fraga sempre soube que a sociedade brasileira é uma sociedade doente. Ele sempre soube que não adianta vigiar apenas os pobres e tapar o olho para as ilegalidades cometidos pelos ricos e poderosos. Ele sempre soube que caveirão não entra em condomínio de luxo para prender traficantes.
Fraga sempre soube que uma pessoa ferida na zona sul choca muito mais a imprensa (e consequentemente a sociedade) do que uma chacina de 30 mortos na Baixada Fluminense. Ele sempre soube que banqueiros e deputados nunca vão presos (e que seus processos sempre são prescritos antes do julgamento). Ele sempre soube que políticos bandidos dificilmente terão suas candidaturas cassadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ele sempre soube que as autoridades governamentais manipulam dados, falseiam a realidade, entorpecem a sociedade com uma falsa ideia de um Rio pacificado, mesmo que o estado viva um caos.
Ele sabe que não adianta ficar contando corpos aos milhares nas favelas, enquanto todo a polícia, a Justiça, a política, as instituições públicas existirem para defender interesses particulares.
Fraga não é burro. Fraga sempre dedicou sua vida a tentar entender a sociedade. Fraga tem uma visão mais ampla da segurança pública.
O problema é que Fraga é uma voz minoritária. Ele não consegue fazer com que sua voz reverbere fora da universidade. Ele não consegue fazer com que o povo compreenda seu pensamento. Ele não consegue nadar contra a maré do senso comum, das notícias policiais simplistas, dos programas sensacionalistas da TV, da visão predominante no botequim, do discurso governamental.
Por isso Fraga (visto equivocadamente pela sociedade como um defensor de bandidos) foi capaz de ver o fenômeno das milícias, foi capaz de ver quem eram os verdadeiros bandidos. Coisa que o coronel caveira e a sociedade não conseguiu ver de início.
Nascimento vai acordando para a verdade aos poucos, ao começar a perceber que os inimigos não eram os magrinhos da favela, mas seus colegas de Secretaria, seus subordinados na polícia, o comandante-em-chefe do estado do Rio de Janeiro (em busca de reeleição) no Palácio Guanabara.
Nascimento desperta de vez quando seu filho é fuzilado dentro do carro e quando ele próprio é alvo de um atentado promovido por policiais, a mando do ex-secretário de Segurança (e candidato a deputado federal).
Então, como se livrasse dos grilhões e saísse da caverna do mito de Platão, Nascimento acorda. Ele vê que o “intelectualzinho defensor de bandido” estava certo. Ele então decide abrir o jogo e aceita depor na CPI das Milícias.
Num final devastador, Tropa de Elite 2 mostra um coronel caveira matador se lamentando por ter sido usado como um peão num jogo de xadrez que não tem fim e no qual a sociedade e a verdadeira polícia nunca sairão ganhando. Por mais que centenas de peões policiais matem milhares de peões bandidos, os reis e rainhas nunca serão colocados em xeque.
Então, coronel Nascimento (com mais mortes nas costas do que Jason, Alien e o Predador juntos) se pergunta, como que num dilema Hamletiano: Por que matei tanta gente? Para quem matei toda essa gente?
A resposta é: Nascimento matou toda aquela gente para que o jogo sujo de faz-de-conta continuasse. As autoridades de segurança fingem que resolvem o problema matando bandidos e inocentes, ocupando favelas, fazendo operações policiais, instalando Unidades de Polícia (pseudo)Pacificadora, para que toda a sujeira continue acontecendo. Para que os esquemas de corrupção continuem ocorrendo. Para que o dinheiro para a campanha continue entrando nos cofres dos candidatos. Para que a sociedade ache que o problema está sendo resolvido. Para que deputados, prefeitos, senadores e governadores continuem sendo eleitos e reeleitos.
Então, Nascimento encerra o filme com uma pergunta que bate como um verdadeiro soco no estômago dos fluminenses (principalmente duas semanas depois do resultado de uma eleição estadual): quem é o culpado por isso tudo?
Afinal, quem mantém todo esse sistema funcionando? Quem vai manter esse sistema por pelo menos mais quatro anos? Quem é capaz de mudar o sistema com o simples teclar em uma urna eletrônica?
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Ao tentar mostrar que Rio de Janeiro está pacificado, Lula convida cidadãos a visitar Complexos do Alemão e Manguinhos
O problema é que as duas favelas citadas por Lula não são ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Pelo contrário, figuram entre os principais redutos de bandidos do Rio de Janeiro
Causou constrangimento, uma declaração do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, hoje (7) em uma cerimônia em Angra dos Reis, ao tentar elogiar o “governo” de Sérgio Cabral, seu aliado político.
Ao tentar mostrar que Sérgio Cabral conseguiu “pacificar” o Rio de Janeiro, Lula diz que o estado não aparece mais nas páginas de polícia dos jornais e que agora, graças a Cabral, é possível visitar favelas como o Complexo do Alemão e Manguinhos, na zona norte da cidade, e Pavão-Pavãozinho, na zona sul.
Lula queria dizer que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) trouxeram paz ao Rio de Janeiro. Mas seu tiro acabou saindo pela culatra. Das três favelas citadas por Lula, apenas o Pavão tem UPP. Alemão e Manguinhos não estão controladas pela polícia pacificadora.
Pelo contrário, Alemão e Manguinhos são dois dos principais redutos de quadrilhas armadas do Rio de Janeiro. O Complexo do Alemão é considerado o quartel-general de uma quadrilha que domina centenas de favelas no estado do Rio.
Já Manguinhos é o grande responsável pela alcunha “Faixa de Gaza”, dada à região que inclui a própria favela, à vizinha Jacarezinho e às vias que passam em seu entorno (Linha Amarela, Leopoldo Bulhões, Dom Hélder Câmara, Avenida dos Democráticos, Viaduto de Benfica).
Presidente, sabe o que vai acontecer ao cidadão que resolver seguir sua dica e visitar as favelas do Alemão e de Manguinhos? É certo que esse cidadão será abordado por bandidos fortemente armados que escarnecem da política de segurança medíocre de Cabral e esse mesmo cidadão terá que explicar sua presença naquele espaço.
O cidadão terá sorte se for liberado sem sofrer, pelo menos, o trauma psicológico de ser abordado por bandidos de fuzis e metralhadoras.
Presidente Lula, pelo visto, parece que o senhor, mesmo sendo um político profissional e um governante capaz, caiu no conto do vigário da propaganda político-eleitoral das UPP de Sérgio Cabral.
Presidente Lula, me parece que a propaganda de Cabral foi tão eficaz que te fez crer que as UPP mudaram a realidade do estado do Rio de Janeiro.
Sinto te informar, presidente. Mas o senhor foi ludibriado com essa propaganda, assim como o foram 5 milhões de fluminenses que reelegeram nosso nobre governador.
As UPP não são tão boas quanto a propaganda do governo do estado do Rio de Janeiro as fazem parecer. Elas são uma política extremamente restritas. Elas atendem a menos de 2,5% da população fluminense e a apenas cerca de 2% das comunidades carentes do estado.
E essas tais UPP só atendem às áreas mais nobres do estado, justamente as regiões menos violentas e onde mora a parte mais rica da população fluminense. Logo o senhor, que defende tanto a igualdade entre pobres e ricos, deveria atentar para esse detalhe.
E os 97,5% restantes da população? E as outras 1.500 favelas do estado que continuam controladas por bandidos armados no Rio de Janeiro? E as ruas? As vias expressas? Bem, essas continuam sendo tão violentas quanto eram há um, dois, três, dez, 20 anos atrás.
Os arrastões, as guerras de quadrilhas, as balas perdidas, os ataques a policiais, a corrupção da polícia mostram isso.
Então, atenção, presidente: antes de acreditar na propaganda do governo de Sérgio Cabral, procure se informar. E evite convidar a população para entrar em áreas que ainda continuam e, ao que tudo indica, continuarão por muitos anos, controladas por bandidos armados.
Causou constrangimento, uma declaração do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, hoje (7) em uma cerimônia em Angra dos Reis, ao tentar elogiar o “governo” de Sérgio Cabral, seu aliado político.
Ao tentar mostrar que Sérgio Cabral conseguiu “pacificar” o Rio de Janeiro, Lula diz que o estado não aparece mais nas páginas de polícia dos jornais e que agora, graças a Cabral, é possível visitar favelas como o Complexo do Alemão e Manguinhos, na zona norte da cidade, e Pavão-Pavãozinho, na zona sul.
Lula queria dizer que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) trouxeram paz ao Rio de Janeiro. Mas seu tiro acabou saindo pela culatra. Das três favelas citadas por Lula, apenas o Pavão tem UPP. Alemão e Manguinhos não estão controladas pela polícia pacificadora.
Pelo contrário, Alemão e Manguinhos são dois dos principais redutos de quadrilhas armadas do Rio de Janeiro. O Complexo do Alemão é considerado o quartel-general de uma quadrilha que domina centenas de favelas no estado do Rio.
Já Manguinhos é o grande responsável pela alcunha “Faixa de Gaza”, dada à região que inclui a própria favela, à vizinha Jacarezinho e às vias que passam em seu entorno (Linha Amarela, Leopoldo Bulhões, Dom Hélder Câmara, Avenida dos Democráticos, Viaduto de Benfica).
Presidente, sabe o que vai acontecer ao cidadão que resolver seguir sua dica e visitar as favelas do Alemão e de Manguinhos? É certo que esse cidadão será abordado por bandidos fortemente armados que escarnecem da política de segurança medíocre de Cabral e esse mesmo cidadão terá que explicar sua presença naquele espaço.
O cidadão terá sorte se for liberado sem sofrer, pelo menos, o trauma psicológico de ser abordado por bandidos de fuzis e metralhadoras.
Presidente Lula, pelo visto, parece que o senhor, mesmo sendo um político profissional e um governante capaz, caiu no conto do vigário da propaganda político-eleitoral das UPP de Sérgio Cabral.
Presidente Lula, me parece que a propaganda de Cabral foi tão eficaz que te fez crer que as UPP mudaram a realidade do estado do Rio de Janeiro.
Sinto te informar, presidente. Mas o senhor foi ludibriado com essa propaganda, assim como o foram 5 milhões de fluminenses que reelegeram nosso nobre governador.
As UPP não são tão boas quanto a propaganda do governo do estado do Rio de Janeiro as fazem parecer. Elas são uma política extremamente restritas. Elas atendem a menos de 2,5% da população fluminense e a apenas cerca de 2% das comunidades carentes do estado.
E essas tais UPP só atendem às áreas mais nobres do estado, justamente as regiões menos violentas e onde mora a parte mais rica da população fluminense. Logo o senhor, que defende tanto a igualdade entre pobres e ricos, deveria atentar para esse detalhe.
E os 97,5% restantes da população? E as outras 1.500 favelas do estado que continuam controladas por bandidos armados no Rio de Janeiro? E as ruas? As vias expressas? Bem, essas continuam sendo tão violentas quanto eram há um, dois, três, dez, 20 anos atrás.
Os arrastões, as guerras de quadrilhas, as balas perdidas, os ataques a policiais, a corrupção da polícia mostram isso.
Então, atenção, presidente: antes de acreditar na propaganda do governo de Sérgio Cabral, procure se informar. E evite convidar a população para entrar em áreas que ainda continuam e, ao que tudo indica, continuarão por muitos anos, controladas por bandidos armados.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Eleições terminam e continuam os casos de violência no estado: Agora, o governador vai culpar a quem?
No período antes das eleições deste ano, pipocaram inúmeros casos de violência pelo estado do Rio de Janeiro. Arrastões na zona norte, na Baixada Fluminense e na zona sul. Guerra de bandidos em vários pontos do estado. Trocas de tiros pela cidade. Turistas feitos de reféns por bandidos em hotel de luxo em São Conrado.
Os cidadãos permaneceram impotentes, como sempre ficaram nos últimos 20 ou 30 anos no estado do Rio de Janeiro, observando a violência de bandidos, a brutalidade de policiais e a inépcia das autoridades públicas do estado.
Os episódios chegaram a dar um fôlego para os políticos de oposição ao governador Sérgio Cabral, que aproveitaram a desgraça e o caos social para tentar lucrar politicamente com isso (como sempre fazem os políticos no nosso grande Brasil).
Diante da proximidade das eleições e da incapacidade de dar uma resposta à altura para a sociedade fluminense, nosso comandante-em-chefe Sérgio Cabral resolveu assumir uma postura, no mínimo, cínica.
Em declarações à imprensa, o governador disse estranhar que as ocorrências de violência e os arrastões estivessem acontecendo justamente antes das eleições, numa clara tentativa de politizar um problema que seu governo era incapaz de resolver.
Ao responder dessa forma a um questionamento da sociedade, Cabral cometeu, pelo menos, dois erros. O primeiro deles é tentar fazer o povo acreditar que bandidos armados iam botar a cara a tapa na rua, assaltar pessoas, roubar joias e celulares para correr o risco de entrar em um embate com a polícia, simplesmente porque tinham o interesse político de desmoralizar Sérgio Cabral.
O segundo erro foi tentar fazer crer que, nos oito ou nove meses anteriores, o Rio de Janeiro tinha vivenciado um mar de rosas, sem arrastões, guerras entre quadrilhas, homicídios ou o controle armado de territórios.
Mas tudo bem, Sérgio Cabral estava envolvido no jogo político e temendo perder uma disputa eleitoral. Ele acabou recorrendo a instrumentos que políticos costumam recorrer em situações como essa.
O problema é que a eleição passou, Cabral foi reeleito por mais de 5 milhões de fluminenses (quem acompanha meu blog deve ter percebido que eu me orgulho de não fazer parte desse imenso contingente), mas o problema dos arrastões, briga de quadrilhas e tantos outros tipos de violência continuam ocorrendo diariamente no nosso estado.
As últimas ocorrências, veiculadas nos telejornais de hoje (5), foram a tentativa de invasão do Parque Alegria que resultou em intenso tiroteio, a ameaça de atentado contra a delegacia de Bonsucesso e a ocorrência de mais um assalto na Rua Presidente Carlos Campos (localizada em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo).
E agora, Cabral? Vai culpar a quem?
A quem o governador, primeiro responsável pela política de segurança do estado, pode culpar além de si próprio por ser incapaz de reduzir de forma consistente, nos três anos e nove meses em que governou, a violência no estado do Rio de Janeiro.
Os cidadãos permaneceram impotentes, como sempre ficaram nos últimos 20 ou 30 anos no estado do Rio de Janeiro, observando a violência de bandidos, a brutalidade de policiais e a inépcia das autoridades públicas do estado.
Os episódios chegaram a dar um fôlego para os políticos de oposição ao governador Sérgio Cabral, que aproveitaram a desgraça e o caos social para tentar lucrar politicamente com isso (como sempre fazem os políticos no nosso grande Brasil).
Diante da proximidade das eleições e da incapacidade de dar uma resposta à altura para a sociedade fluminense, nosso comandante-em-chefe Sérgio Cabral resolveu assumir uma postura, no mínimo, cínica.
Em declarações à imprensa, o governador disse estranhar que as ocorrências de violência e os arrastões estivessem acontecendo justamente antes das eleições, numa clara tentativa de politizar um problema que seu governo era incapaz de resolver.
Ao responder dessa forma a um questionamento da sociedade, Cabral cometeu, pelo menos, dois erros. O primeiro deles é tentar fazer o povo acreditar que bandidos armados iam botar a cara a tapa na rua, assaltar pessoas, roubar joias e celulares para correr o risco de entrar em um embate com a polícia, simplesmente porque tinham o interesse político de desmoralizar Sérgio Cabral.
O segundo erro foi tentar fazer crer que, nos oito ou nove meses anteriores, o Rio de Janeiro tinha vivenciado um mar de rosas, sem arrastões, guerras entre quadrilhas, homicídios ou o controle armado de territórios.
Mas tudo bem, Sérgio Cabral estava envolvido no jogo político e temendo perder uma disputa eleitoral. Ele acabou recorrendo a instrumentos que políticos costumam recorrer em situações como essa.
O problema é que a eleição passou, Cabral foi reeleito por mais de 5 milhões de fluminenses (quem acompanha meu blog deve ter percebido que eu me orgulho de não fazer parte desse imenso contingente), mas o problema dos arrastões, briga de quadrilhas e tantos outros tipos de violência continuam ocorrendo diariamente no nosso estado.
As últimas ocorrências, veiculadas nos telejornais de hoje (5), foram a tentativa de invasão do Parque Alegria que resultou em intenso tiroteio, a ameaça de atentado contra a delegacia de Bonsucesso e a ocorrência de mais um assalto na Rua Presidente Carlos Campos (localizada em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo).
E agora, Cabral? Vai culpar a quem?
A quem o governador, primeiro responsável pela política de segurança do estado, pode culpar além de si próprio por ser incapaz de reduzir de forma consistente, nos três anos e nove meses em que governou, a violência no estado do Rio de Janeiro.
sábado, 2 de outubro de 2010
Guerra de quadrilhas, arrastões, balas perdidas e vítimas da violência policial: Um Rio que não muda
A guerra entre bandidos em Santa Cruz, a retomada da favela da Palmeirinha pelo tráfico depois da desarticulação da milícia local, o tiro disparado por policiais em um juiz durante uma blitz hoje e os constantes arrastões no estado do Rio de Janeiro nos revelam algo triste. Apesar de toda euforia em torno das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), percebo que nada mudou no cenário de segurança do Rio de Janeiro.
A esmagadora maioria das favelas do Rio de Janeiro ainda precisa viver entre uma das opções: a milícia ou o tráfico. Nada mudou em relação a 1994 e 95, época da Operação Rio, de ocupação militar das favelas. Diria até que o Rio piorou de 94/95 para cá, porque as milícias surgiram como um novo agente no caos criminal fluminense.
Naquela época, assim como hoje, o povo e os governantes acreditavam que podiam resolver um problema social com ocupação das favelas. De lá para cá, devem ter ocorrido umas 3 mil ocupações militares (incluindo aí as policiais) temporárias ou permanentes de favelas, e nada mudou.
Continuamos sem poder entrar nas favelas sem precisar pedir autorização para uma liderança criminal local. Continuamos com o constante risco de sermos atingidos por balas perdidas no nosso estado.
Continuamos sem poder trafegar por nossa cidade e por nosso estado sem ter o risco de ser abordado por bandidos armados nas ruas do Rio de Janeiro. Continuamos sem poder estacionar nosso carro nas ruas, porque há o risco de serem levados ou arrombados em plena luz do dia.
Continuamos sem poder andar com objetos de valor em coletivos do Rio de Janeiro porque, a qualquer momento, podemos ser abordados por uma arma e sermos roubados. Continuamos sendo possíveis alvos de policiais despreparados.
Os tiroteios e guerras entre quadrilhas continuam em todo o Rio, com o agravante de que, agora, 15 anos depois, o interior também sofre. Volta Redonda, Resende, Teresópolis, Angra dos Reis, Cabo Frio, Macaé, Campos, Rio Bonito sofrem com guerras entre quadrilhas.
Assim, como aconteceu no resto do Brasil, o crime se interiorizou no Rio de Janeiro, e não vem tendo qualquer atenção das autoridades de segurança. A questão só piora (apesar de índices criminais suspeitos, provavelmente manipulados por um governo em busca de reeleição mostrarem melhora).
A história recente do Rio de Janeiro é marcada por operações e ocupações militares de favelas (sempre restritas) e sem qualquer resultado prático. Mas todos comemoram uma política de ocupação (UPP), sem se preocupar em reformar nossas instituições, política e sociedade.
Sem querer ser exagerado, em 2025, estaremos discutindo os mesmos problemas, pedindo as mesmas ocupações e sofrendo a mesma violência.
A esmagadora maioria das favelas do Rio de Janeiro ainda precisa viver entre uma das opções: a milícia ou o tráfico. Nada mudou em relação a 1994 e 95, época da Operação Rio, de ocupação militar das favelas. Diria até que o Rio piorou de 94/95 para cá, porque as milícias surgiram como um novo agente no caos criminal fluminense.
Naquela época, assim como hoje, o povo e os governantes acreditavam que podiam resolver um problema social com ocupação das favelas. De lá para cá, devem ter ocorrido umas 3 mil ocupações militares (incluindo aí as policiais) temporárias ou permanentes de favelas, e nada mudou.
Continuamos sem poder entrar nas favelas sem precisar pedir autorização para uma liderança criminal local. Continuamos com o constante risco de sermos atingidos por balas perdidas no nosso estado.
Continuamos sem poder trafegar por nossa cidade e por nosso estado sem ter o risco de ser abordado por bandidos armados nas ruas do Rio de Janeiro. Continuamos sem poder estacionar nosso carro nas ruas, porque há o risco de serem levados ou arrombados em plena luz do dia.
Continuamos sem poder andar com objetos de valor em coletivos do Rio de Janeiro porque, a qualquer momento, podemos ser abordados por uma arma e sermos roubados. Continuamos sendo possíveis alvos de policiais despreparados.
Os tiroteios e guerras entre quadrilhas continuam em todo o Rio, com o agravante de que, agora, 15 anos depois, o interior também sofre. Volta Redonda, Resende, Teresópolis, Angra dos Reis, Cabo Frio, Macaé, Campos, Rio Bonito sofrem com guerras entre quadrilhas.
Assim, como aconteceu no resto do Brasil, o crime se interiorizou no Rio de Janeiro, e não vem tendo qualquer atenção das autoridades de segurança. A questão só piora (apesar de índices criminais suspeitos, provavelmente manipulados por um governo em busca de reeleição mostrarem melhora).
A história recente do Rio de Janeiro é marcada por operações e ocupações militares de favelas (sempre restritas) e sem qualquer resultado prático. Mas todos comemoram uma política de ocupação (UPP), sem se preocupar em reformar nossas instituições, política e sociedade.
Sem querer ser exagerado, em 2025, estaremos discutindo os mesmos problemas, pedindo as mesmas ocupações e sofrendo a mesma violência.
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