segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Considerações de um oficial da Força de Pacificação do Exército sobre a ocupação do Complexo do Alemão

Hoje fiz uma pauta no Complexo do Alemão conversei com um alto oficial da força do Exército que ocupa o conjunto de favelas. Da conversa, tirei algumas informações interessantes sobre a ocupação, iniciada no final de novembro do ano passado e consolidada no dia 22 de dezembro.

Segundo esse alto oficial:

- Ainda há bandidos armados dentro da favela;
- Bandidos continuam vendendo drogas;
- Os bandidos não controlam nenhum território dentro do Complexo do Alemão;
- As bocas-de-fumo estão funcionando de forma meio itinerante;
- Realmente houve alguns assassinatos dentro da favela;
- Realmente fora registrados disparos esporádicos de armas de fogo pelos bandidos;
- O Exército ocupa apenas o Complexo do Alemão (sem contar o Complexo da Penha) com 700 homens de forma permanente. Claro que esses homens descansam, mas o Exército mantém sempre, no mínimo, 450 homens na ativa apenas no Complexo do Alemão.
- Se juntarmos aí o Complexo da Penha, que tem uma força de homens semelhante (cerca de 700 homens, dos quais o Exército deve manter na ativa pelo menos sempre em torno de 400 a 500 soldados), o maciço é ocupado permanentemente por, no mínimo, algo em torno de 900 homens. O Exército ainda mantém uma força de ação rápida para agir no entorno do complexo, com mais algumas centenas de homens. Com isso, temos pelo menos mil homens ocupando o interior e os acessos da favela de forma permanente.
- Do ponto de vista estratégico-militar, os terrenos dos Complexos da Penha e do Alemão são considerados extremamente complexos e difíceis de ocupar.
- Os complexos apresentam, dentro de si, uma grande variedade de terrenos diferentes entre si (Grota, Nova Brasília, Fazendinha, Vila Cruzeiro etc).

Coincidentemente, eu havia escrito um post na manhã de hoje sobre as dificuldades que o terreno e os bandidos oferecerão para uma futura Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local.

A conversa com o oficial paraquedista apenas corroborou tudo o que eu havia escrito.

Como o leitor acabou de ver, o Exército ocupa o Alemão com cerca de mil homens de forma simultânea e ainda assim, não consegue impedir que bandidos armados ajam no local.

Como a Polícia Militar não é igual ao Exército e seus homens trabalham em turnos, com direito a folgas, com o efetivo de 2.300 homens previsto para o Alemão, a Polícia Pacificadora conseguirá contar apenas com algo entre 400 e 500 homens simultaneamente no local (cerca da metade do que o Exército dispõe). O cálculo é feito com base no esquema de turnos e folgas de outras UPP da cidade.

O terreno também é extremamente difícil, é algo totalmente novo com que o Comando de Polícia Pacificadora terá que aprender a lidar, já que as outras favelas ocupadas até agora diferem bastante do Alemão e da Penha.

Enfim, será realmente complexa a tarefa da PM. Nosso governador não deveria estar cantando vitória antes do tempo. Baixa a bola, Cabral. E trabalha sem fanfarronice.

3 comentários:

  1. Vale destacar a ausência de cocaína no Complexo do Alemão. A única droga encontrada em grande quantidade tem sido a maconha. (craque e coca, juntos, não somam sem 1/2 tonelada)Mistérioooo
    Twiiter: @renatadangelo

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  2. Bem lembrado, Renata... A droga que rende mais dinheiro teve uma apreensão sub-representada nessas operações da PM/Exército

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  3. Moro relativamente perto e a impressão que dá é que o policiamento relaxou muito. Antes tinham militares em todas as entradas e muitos carros e pedestres eram revistados.

    Agora vejo poucos militares que ficam só olhando.

    E em muitas das entradas não tem policiamento algum.

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