O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse hoje (29) que não é possível garantir que as unidades de Polícia Pacificadora (UPP) sejam capazes de impedir a presença de bandidos armados nas favelas pacificadas. A afirmação foi feita depois de o comandante das UPPs, coronel Robson Rodrigues, ter informado, em entrevista à Agência Brasil, que ainda há “pontos críticos com criminosos armados” nas favelas que já passaram pelo processo de pacificação.
“A ideia e o objetivo da UPP é a pacificação, mas seria leviano garantir que vamos retirar [dessas favelas] todas as armas, todas as drogas, todos os criminosos, toda a munição. O que eu digo é que temos sempre que analisar como elas estavam há três, quatro, cinco, dez anos, e como elas estão hoje. Existem problemas? Existem, sim. Mas como isso estava? Está melhor? Está pior?”, indagou Beltrame.
As UPPs, criadas em 2008, são a principal política de segurança do Rio de Janeiro. O objetivo do projeto é ocupar comunidades carentes fluminenses com polícia comunitária para acabar, justamente, com o controle de quadrilhas armadas nesses territórios.
Mas, nos últimos dias, dois episódios mostraram que criminosos armados continuam exercendo controle sobre favelas pacificadas. No último sábado (25), três criminosos jogaram uma granada e atiraram contra policiais da UPP do Morro da Coroa, na região central do Rio. A favela está ocupada pela UPP desde fevereiro deste ano.
Dois dias depois, dois mototaxistas foram executados a tiros em um dos acessos ao Morro do Andaraí, na zona norte – favela que tem UPP há quase um ano. A polícia acredita que a morte tenha ocorrido porque as vítimas teriam se recusado a pagar uma taxa mensal de “pedágio” à quadrilha que controla a venda de drogas na comunidade.
Segundo o secretário, na medida em que forem identificados criminosos, armas e munições nessas áreas, a polícia vai agir. “Não vão ser esses episódios que vão nos desviar dos nossos objetivos. Quando o helicóptero caiu no Morro dos Macacos, a resposta veio um ano depois com a pacificação de 16 mil pessoas. Não podemos garantir que essas ações esporádicas [dos bandidos] não vão acontecer. Problemas, nós vamos ter”, disse Beltrame.
Em dois anos e meio, foram instaladas UPPs em 17 áreas da capital fluminense, que englobam cerca de 50 favelas. A maioria das UPP foi implantada em comunidades da zona sul, Tijuca e centro da cidade.
*Reportagem publicada na Agência Brasil
quarta-feira, 29 de junho de 2011
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Favelas pacificadas no Rio ainda têm pontos críticos com homens armados atuando, diz comandante das UPP
O comandante das unidades de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro, coronel Robson Rodrigues, afirmou hoje (27) que ainda há “pontos críticos” dentro de favelas cariocas pacificadas, inclusive com a presença de criminosos armados. Criadas em 2008, as UPPs são uma das principais políticas de segurança do governo fluminense e têm por objetivo ocupar comunidades carentes com policiamento comunitário para acabar com o controle de quadrilhas armadas.
“[Pontos críticos] são aqueles pontos onde pode haver criminosos armados, que não vão ser delatados pela comunidade. São locais onde eles possam ter uma rede de proteção. São pontos de difícil interação [da polícia com a comunidade] ainda. Por causa de vários fatores, geográficos, sociais, históricos, há comunidades onde tem um foco maior de resistência à ação da polícia”, disse.
No último sábado (25), três policiais da UPP do Morro da Coroa, inaugurada em fevereiro, foram feridos depois de criminosos lançarem uma granada e atirarem contra eles. O confronto se iniciou quando os policiais foram até uma casa que funcionava como local de preparação de drogas para checar uma denúncia.
Dezesseis áreas da cidade do Rio, que englobam 50 favelas, foram ocupadas pelas unidades pacificadoras desde 2008. O coronel Rodrigues explica que o número de criminosos nessas comunidades é muito menor do que antes da pacificação e que, agora, em vez de fuzis, eles utilizam armas menores, como pistolas e revólveres, que são mais fáceis de esconder. “Temos feito apreensões e, uma vez ou outra, há confronto com armas de fogo. Ainda há muitas prisões. Mas os padrões são completamente diferentes de antes”, conta.
Segundo o comandante, o efetivo das UPPs é insuficiente para garantir o controle ostensivo (presencial) de todo o território das favelas pacificadas. No caso da UPP da Coroa, por exemplo, que também inclui as favelas vizinhas Fallet e Fogueteiro, o efetivo total é de 200 homens, o que garante a permanência simultânea de apenas cerca de 40 homens dentro da favela.
Por isso, de acordo com Rodrigues, para garantir a pacificação efetiva do território, é preciso contar com outras estratégias. “A gente utiliza outras estratégias, estratégias de inteligência. A própria população precisa se tornar uma parceira, para, a cada dia, diminuirmos esses espaços críticos”, disse.
Antes do confronto no Morro da Coroa, já haviam sido registrados outros casos de violência dentro das UPPs. Em março de 2010, um ônibus foi apedrejado e incendiado dentro da comunidade da Cidade de Deus, na zona oeste, a segunda a receber uma UPP, deixando 13 pessoas feridas. Em julho do mesmo ano, um morador do Morro do Cantagalo, na zona sul, foi baleado durante uma troca de tiros entre policiais da UPP da comunidade e homens que estariam vendendo drogas dentro da favela.
Em fevereiro deste ano, um homem morreu depois ser baleado por policiais militares da UPP do Andaraí, na zona norte, supostamente por ameaçar os agentes com uma granada. Já no início deste mês, um jovem de 19 anos foi morto por policiais da UPP do Pavão-Pavãozinho, na zona sul, supostamente depois de trocar tiros com os agentes. A família do jovem diz que ele não era criminoso e que foi executado pelos policiais.
“[Pontos críticos] são aqueles pontos onde pode haver criminosos armados, que não vão ser delatados pela comunidade. São locais onde eles possam ter uma rede de proteção. São pontos de difícil interação [da polícia com a comunidade] ainda. Por causa de vários fatores, geográficos, sociais, históricos, há comunidades onde tem um foco maior de resistência à ação da polícia”, disse.
No último sábado (25), três policiais da UPP do Morro da Coroa, inaugurada em fevereiro, foram feridos depois de criminosos lançarem uma granada e atirarem contra eles. O confronto se iniciou quando os policiais foram até uma casa que funcionava como local de preparação de drogas para checar uma denúncia.
Dezesseis áreas da cidade do Rio, que englobam 50 favelas, foram ocupadas pelas unidades pacificadoras desde 2008. O coronel Rodrigues explica que o número de criminosos nessas comunidades é muito menor do que antes da pacificação e que, agora, em vez de fuzis, eles utilizam armas menores, como pistolas e revólveres, que são mais fáceis de esconder. “Temos feito apreensões e, uma vez ou outra, há confronto com armas de fogo. Ainda há muitas prisões. Mas os padrões são completamente diferentes de antes”, conta.
Segundo o comandante, o efetivo das UPPs é insuficiente para garantir o controle ostensivo (presencial) de todo o território das favelas pacificadas. No caso da UPP da Coroa, por exemplo, que também inclui as favelas vizinhas Fallet e Fogueteiro, o efetivo total é de 200 homens, o que garante a permanência simultânea de apenas cerca de 40 homens dentro da favela.
Por isso, de acordo com Rodrigues, para garantir a pacificação efetiva do território, é preciso contar com outras estratégias. “A gente utiliza outras estratégias, estratégias de inteligência. A própria população precisa se tornar uma parceira, para, a cada dia, diminuirmos esses espaços críticos”, disse.
Antes do confronto no Morro da Coroa, já haviam sido registrados outros casos de violência dentro das UPPs. Em março de 2010, um ônibus foi apedrejado e incendiado dentro da comunidade da Cidade de Deus, na zona oeste, a segunda a receber uma UPP, deixando 13 pessoas feridas. Em julho do mesmo ano, um morador do Morro do Cantagalo, na zona sul, foi baleado durante uma troca de tiros entre policiais da UPP da comunidade e homens que estariam vendendo drogas dentro da favela.
Em fevereiro deste ano, um homem morreu depois ser baleado por policiais militares da UPP do Andaraí, na zona norte, supostamente por ameaçar os agentes com uma granada. Já no início deste mês, um jovem de 19 anos foi morto por policiais da UPP do Pavão-Pavãozinho, na zona sul, supostamente depois de trocar tiros com os agentes. A família do jovem diz que ele não era criminoso e que foi executado pelos policiais.
domingo, 26 de junho de 2011
Comentários acerca do cronograma das UPP
Matéria do Globo deste domingo diz que o Complexo da Maré deve ser ocupado pela polícia ainda neste ano (no mês que vem, diz o jornal). Eu discordo. Creio que isso não vá acontecer tão cedo.
Também acredito que o cronograma de Unidades de Policia Pacificadora (UPP) deste ano já esteja concluído. Com a ocupação do Complexo do Rio Comprido, Mangueira e Alemão, não deve ter novas ocupações de favelas com UPP em 2011.
A Mangueira deve ter sua UPP instalada até setembro/outubro. A partir daí, devem comecar as instalações das diversas UPP do Alemão.
Acredito que esse processo de instalação de UPP no Alemão deva durar de três a seis meses (quanto mais tempo levar, mais o governador aparecerá na imprensa de forma positiva. Além disso, a PM precisa ganhar tempo para formar os dois mil policiais necessários para as UPP do Alemão).
Somente quando esse processo estiver chegando ao fim, acredito que a polícia iniciará a ocupação de uma nova favela.
Mas não creio que a próxima bola da vez seja a Maré. Apostaria no Parque Alegria e Complexo do Caju, favelas bem menos problemáticas.
Se tem uma coisa que o governo estadual não quer em 2012 é mais uma ocupação problemática (assim como certamente será a do Alemão e como está se mostrando ser a do Catumbi, como mostra o ataque feito contra PMs da UPP neste final de semana), que possa prejudicar a reeleição de Eduardo Paes.
Depois disso, creio que ainda tenha favelas mais prioritárias para o governo do que a Maré, como a Rocinha e o Vidigal, na nobre zona sul. Tambem há pequenas favelas faltando ser ocupadas no "cinturão de segurança" da zona sul, como Pereirão, Morro Azul, Santo Amaro etc...
Se a UPP do Alemão começar a ter problemas com os criminosos (e provavelmente terá muitos), será necessário então ocupar Juramento, Engenho da Rainha, Manguinhos e Jacarezinho, favelas problemáticas e essenciais para garantir o sucesso da UPP do Alemão.
Portanto acho que o Complexo da Maré não será ocupado tão cedo, se é que será ocupado algum dia.
Também acredito que o cronograma de Unidades de Policia Pacificadora (UPP) deste ano já esteja concluído. Com a ocupação do Complexo do Rio Comprido, Mangueira e Alemão, não deve ter novas ocupações de favelas com UPP em 2011.
A Mangueira deve ter sua UPP instalada até setembro/outubro. A partir daí, devem comecar as instalações das diversas UPP do Alemão.
Acredito que esse processo de instalação de UPP no Alemão deva durar de três a seis meses (quanto mais tempo levar, mais o governador aparecerá na imprensa de forma positiva. Além disso, a PM precisa ganhar tempo para formar os dois mil policiais necessários para as UPP do Alemão).
Somente quando esse processo estiver chegando ao fim, acredito que a polícia iniciará a ocupação de uma nova favela.
Mas não creio que a próxima bola da vez seja a Maré. Apostaria no Parque Alegria e Complexo do Caju, favelas bem menos problemáticas.
Se tem uma coisa que o governo estadual não quer em 2012 é mais uma ocupação problemática (assim como certamente será a do Alemão e como está se mostrando ser a do Catumbi, como mostra o ataque feito contra PMs da UPP neste final de semana), que possa prejudicar a reeleição de Eduardo Paes.
Depois disso, creio que ainda tenha favelas mais prioritárias para o governo do que a Maré, como a Rocinha e o Vidigal, na nobre zona sul. Tambem há pequenas favelas faltando ser ocupadas no "cinturão de segurança" da zona sul, como Pereirão, Morro Azul, Santo Amaro etc...
Se a UPP do Alemão começar a ter problemas com os criminosos (e provavelmente terá muitos), será necessário então ocupar Juramento, Engenho da Rainha, Manguinhos e Jacarezinho, favelas problemáticas e essenciais para garantir o sucesso da UPP do Alemão.
Portanto acho que o Complexo da Maré não será ocupado tão cedo, se é que será ocupado algum dia.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Polícia do Rio adota medidas de segurança para evitar ataques a PMs
A Polícia Militar (PM) do Rio adotou medidas especiais de segurança por temer ataques a agentes. Segundo o comandante do Estado-Maior da PM, coronel Álvaro Garcia, o serviço de inteligência entrou em alerta ao receber informações de que criminosos estariam preparando ataques a agentes, viaturas e postos policiais.
“Nós recebemos informações de que poderia haver ações contra policiais militares e civis. Então tomamos algumas medidas para evitar isso”, disse o coronel. Os ataques seriam uma represália à ocupação do Morro da Mangueira no último domingo (19) e à operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ontem (23), no Morro do Engenho da Rainha, que resultou na morte de oito pessoas.
“Nossos blindados estão fazendo patrulhamento nas áreas onde pode acontecer esse tipo de ação, as viaturas estão atendendo as ocorrências em dupla. Quando não tiver ocorrências, essas viaturas estão guarnecendo nossos postos de policiamento”, disse o coronel.
A orientação do comando da Polícia Militar é também para que os policiais que estiverem nas ruas tenham atenção redobrada.
O grupo que controlavam o Morro da Mangueira e que domina o Morro do Engenho da Rainha pertence à mesma facção. Grandes favelas, como o Morro do Juramento, Jacarezinho, Manguinhos, Nova Holanda e Parque União, também são controladas por esse grupo.
*Reportagem publicada na Agência Brasil
“Nós recebemos informações de que poderia haver ações contra policiais militares e civis. Então tomamos algumas medidas para evitar isso”, disse o coronel. Os ataques seriam uma represália à ocupação do Morro da Mangueira no último domingo (19) e à operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ontem (23), no Morro do Engenho da Rainha, que resultou na morte de oito pessoas.
“Nossos blindados estão fazendo patrulhamento nas áreas onde pode acontecer esse tipo de ação, as viaturas estão atendendo as ocorrências em dupla. Quando não tiver ocorrências, essas viaturas estão guarnecendo nossos postos de policiamento”, disse o coronel.
A orientação do comando da Polícia Militar é também para que os policiais que estiverem nas ruas tenham atenção redobrada.
O grupo que controlavam o Morro da Mangueira e que domina o Morro do Engenho da Rainha pertence à mesma facção. Grandes favelas, como o Morro do Juramento, Jacarezinho, Manguinhos, Nova Holanda e Parque União, também são controladas por esse grupo.
*Reportagem publicada na Agência Brasil
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Operação policial termina com oito mortos na zona norte do Rio
Uma operação policial na comunidade do Engenho da Rainha, na zona norte do Rio, deixou oito mortos na madrugada de hoje (23). Segundo a Polícia Militar (PM), as vítimas foram baleadas porque entraram em confronto com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
De acordo com a polícia, os homens foram socorridos e levados para o Hospital Salgado Filho, no Méier, mas morreram em seguida. A assessoria de imprensa da PM diz que a operação foi motivada pela denúncia de que havia um grande número de homens armados na comunidade.
A polícia não soube dizer, no entanto, se os criminosos que estavam no local integram a quadrilha que fugiu do Morro da Mangueira antes da ocupação da favela, no último domingo (19), para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
De acordo com a polícia, foram apreendidas sete armas, sendo dois fuzis, e duas granadas, além de munições e drogas.
Na tarde de ontem (22), na favela vizinha do Morro do Juramento, policiais militares do Batalhão de Irajá também fizeram uma operação para ocupar a comunidade. Segundo o comandante do batalhão, coronel Alexandre Fontenelle, a polícia recebeu informações de que os bandidos do Juramento, da mesma facção criminosa da Mangueira e do Engenho da Rainha, estavam se mobilizando.
“Nós tomamos a região justamente para evitar que eles saíssem dali para cometer atos criminosos. Nós ocupamos a comunidade em pontos estratégicos e assim acabamos com a possibilidade de qualquer movimentação dos traficantes daquela região para outros locais”, disse o coronel.
A comunidade ficará ocupada pela polícia por tempo indeterminado. No início da ocupação da favela, houve troca de tiros e um homem que passava de carro perto do morro acabou sendo atingido por uma bala perdida. Segundo a polícia, a vítima passa bem.
Ontem, duas operações policiais já haviam deixado quatro mortos, dois na favela de Vila Kennedy, em Bangu, e dois em uma favela de Niterói.
*Reportagem publicada na Agência Brasil
De acordo com a polícia, os homens foram socorridos e levados para o Hospital Salgado Filho, no Méier, mas morreram em seguida. A assessoria de imprensa da PM diz que a operação foi motivada pela denúncia de que havia um grande número de homens armados na comunidade.
A polícia não soube dizer, no entanto, se os criminosos que estavam no local integram a quadrilha que fugiu do Morro da Mangueira antes da ocupação da favela, no último domingo (19), para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
De acordo com a polícia, foram apreendidas sete armas, sendo dois fuzis, e duas granadas, além de munições e drogas.
Na tarde de ontem (22), na favela vizinha do Morro do Juramento, policiais militares do Batalhão de Irajá também fizeram uma operação para ocupar a comunidade. Segundo o comandante do batalhão, coronel Alexandre Fontenelle, a polícia recebeu informações de que os bandidos do Juramento, da mesma facção criminosa da Mangueira e do Engenho da Rainha, estavam se mobilizando.
“Nós tomamos a região justamente para evitar que eles saíssem dali para cometer atos criminosos. Nós ocupamos a comunidade em pontos estratégicos e assim acabamos com a possibilidade de qualquer movimentação dos traficantes daquela região para outros locais”, disse o coronel.
A comunidade ficará ocupada pela polícia por tempo indeterminado. No início da ocupação da favela, houve troca de tiros e um homem que passava de carro perto do morro acabou sendo atingido por uma bala perdida. Segundo a polícia, a vítima passa bem.
Ontem, duas operações policiais já haviam deixado quatro mortos, dois na favela de Vila Kennedy, em Bangu, e dois em uma favela de Niterói.
*Reportagem publicada na Agência Brasil
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Ocupação anunciada da Mangueira: Mais um espetáculo político desnecessário e caro do governo do Rio
O Morro da Mangueira será ocupado neste domingo pela polícia para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade. A ocupação, que contará com o apoio da Marinha, vem sendo anunciada há semanas pelo governo do Rio
Trata-se de um repeteco do que vem acontecendo nas instalações de UPP: o governo do Rio anuncia a ocupação, convoca a população para o espetáculo, deixa os bandidos e as armas se transferirem para outro lugar e depois ocupa triunfalmente o espaço.
A instalação da UPP era dada como certa já há alguns meses, mas acabou atrasando por conta da inesperada (até para o próprio governo do estado) ocupação do Complexo do Alemão.
Nas últimas semanas, a polícia vêm fazendo operações rotineiras na favela (que, como sempre, resultaram em um número mínimo de prisões e apreensões) com o objetivo de “preparar” o terreno para a instalação da UPP. Hoje, por exemplo, a polícia trocou meia dúzia de tiros, colocou algemas em quatro pivetes e apreendeu um revólver velho.
E, nesta semana, a imprensa noticiou o dia exato da ocupação da comunidade. É claro, que não tem mais nenhuma bandido importante na favela. E é claro que todos os ativos da quadrilha (drogas, armas, equipamentos) já foram devidamente retirados da Mangueira.
No entanto, mesmo sabendo que não haverá nenhuma resistência por parte dos bandidos (pelo menos nenhuma resistência consistente. Pode ter alguma troca de tiros, mas nada que justifique blindados navais), o governo do Rio de Janeiro prepara um espetáculo para a anunciada ocupação.
Militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), com apoio de blindados das forças armadas, preparam uma verdadeira operação de “guerra” para atrair a atenção de uma audiência de 16 milhões de espectadores (por que não dizer 190 milhões de espectadores).
Mas por que, mesmo sabendo que não haverá nenhum bandido na “contenção” (como os bandidos chamam suas linhas de defesa na favela), o governo do Rio prepara um exagerado espetáculo com os recursos dos contribuintes fluminenses?
A resposta é simples: as UPP são a única carta na manga do governador Sérgio Cabral para a área de segurança. Cabral não tem uma política consistente na área de segurança pública.
A Delegacia de Homicídios, inaugurada entre o final de 2009 e o início de 2010, ainda não mostrou para que veio. A esmagadora maioria dos homicídios do Rio de Janeiro continua sem ser elucidada.
A “política” de metas de redução da criminalidade não é uma política propriamente dita. Ela apenas dita as metas, sem traçar medidas específicas, e espera que, em um passe de mágica (ou em uma manobra estatística), os crimes violentos se reduzam no estado do Rio de Janeiro.
A milagrosa redução dos crimes violentos no Rio de Janeiro já se mostrou uma fraude. Segundo a Secretaria de Segurança, supostamente os homicídios vêm caindo num ritmo de 20%, mês após mês, desde o segundo semestre de 2009.
Mas dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que o número de mortes violentas sem intenção determinada (quando supostamente não se sabe se foi homicídio, suicídio ou acidente) aumentou de forma assustadora no governo Sérgio Cabral. Em suma, as mortes violentas continuam tão altas quanto eram em 2005 ou 2006.
Ou seja, os homicídios “caem”, mas as mortes violentas de intenção indeterminada explodem durante o governo Cabral (muito conveniente para o governo, não acham?).
Diante de uma política de segurança tão pífia (que tem como únicos resultados “concretos” estatísticas criminais manipuladas), o governo do Rio de Janeiro (e o governador Sérgio Cabral, que vive mais em Paris do que no estado que ele supostamente governa), são necessárias ações espetaculares para parecer que tudo está bem.
Por incrível que possa parecer, a ocupação do Complexo do Alemão com a ajuda de militares da Marinha e do Exército deu um Ibope muito favorável ao nosso governador.
De uma resposta desesperada do governo do estado para tentar conter ataques de criminosos (que colocaram o estado e as autoridades de joelhos), a ocupação do Alemão transformou-se em grande um “triunfo” do governo sobre o “crime organizado”.
Cabral incorporou a figura de “Dwight Eisenhower” e transformou a ocupação do Alemão num Dia D contemporâneo, consubstanciando sua incompetência (de não conseguir impedir a série de ataques criminosos que precederam a ocupação) em uma “suposta” vitória homérica.
Por mais ridículo e ingênuo que isso possa parecer, a imprensa carioca (que come na mão do governo), e a mídia em geral, celebraram a entrada dos policiais no Complexo como se isso fosse algo inédito e inovador (ignorando completamente as operações de 2007 no conjunto de favelas).
Cabral nunca teve momentos de tanta glória quanto naquele momento da ocupação do Alemão e nas semanas subsequentes. Naquele final de 2010, seu medíocre governo conseguiu jogar uma cortina de fumaça sobre seus fracassos e, com todo aquele espetáculo, foi capaz de parecer bom para milhões de ingênuos espectadores.
Mas os bons momentos sob os holofotes passaram. O governo Cabral acaba de sair de uma crise imensa (a manifestação dos bombeiros), da qual sai com sua imagem deveras manchada.
A ocupação da Mangueira, com blindados da Marinha, é uma tentativa desesperada de tentar limpar a imagem do governo, junto à população (que apoiou massivamente os bombeiros).
Só espero que a população (e principalmente a imprensa, que vai informar a população) não caia nesse golpe de marketing de um incompetente governo do estado.
A Mangueira pode ser ocupada com uma viatura ou com 100 blindados. Você, contribuinte, sabe dizer qual a forma mais barata de fazê-lo?
Trata-se de um repeteco do que vem acontecendo nas instalações de UPP: o governo do Rio anuncia a ocupação, convoca a população para o espetáculo, deixa os bandidos e as armas se transferirem para outro lugar e depois ocupa triunfalmente o espaço.
A instalação da UPP era dada como certa já há alguns meses, mas acabou atrasando por conta da inesperada (até para o próprio governo do estado) ocupação do Complexo do Alemão.
Nas últimas semanas, a polícia vêm fazendo operações rotineiras na favela (que, como sempre, resultaram em um número mínimo de prisões e apreensões) com o objetivo de “preparar” o terreno para a instalação da UPP. Hoje, por exemplo, a polícia trocou meia dúzia de tiros, colocou algemas em quatro pivetes e apreendeu um revólver velho.
E, nesta semana, a imprensa noticiou o dia exato da ocupação da comunidade. É claro, que não tem mais nenhuma bandido importante na favela. E é claro que todos os ativos da quadrilha (drogas, armas, equipamentos) já foram devidamente retirados da Mangueira.
No entanto, mesmo sabendo que não haverá nenhuma resistência por parte dos bandidos (pelo menos nenhuma resistência consistente. Pode ter alguma troca de tiros, mas nada que justifique blindados navais), o governo do Rio de Janeiro prepara um espetáculo para a anunciada ocupação.
Militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), com apoio de blindados das forças armadas, preparam uma verdadeira operação de “guerra” para atrair a atenção de uma audiência de 16 milhões de espectadores (por que não dizer 190 milhões de espectadores).
Mas por que, mesmo sabendo que não haverá nenhum bandido na “contenção” (como os bandidos chamam suas linhas de defesa na favela), o governo do Rio prepara um exagerado espetáculo com os recursos dos contribuintes fluminenses?
A resposta é simples: as UPP são a única carta na manga do governador Sérgio Cabral para a área de segurança. Cabral não tem uma política consistente na área de segurança pública.
A Delegacia de Homicídios, inaugurada entre o final de 2009 e o início de 2010, ainda não mostrou para que veio. A esmagadora maioria dos homicídios do Rio de Janeiro continua sem ser elucidada.
A “política” de metas de redução da criminalidade não é uma política propriamente dita. Ela apenas dita as metas, sem traçar medidas específicas, e espera que, em um passe de mágica (ou em uma manobra estatística), os crimes violentos se reduzam no estado do Rio de Janeiro.
A milagrosa redução dos crimes violentos no Rio de Janeiro já se mostrou uma fraude. Segundo a Secretaria de Segurança, supostamente os homicídios vêm caindo num ritmo de 20%, mês após mês, desde o segundo semestre de 2009.
Mas dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que o número de mortes violentas sem intenção determinada (quando supostamente não se sabe se foi homicídio, suicídio ou acidente) aumentou de forma assustadora no governo Sérgio Cabral. Em suma, as mortes violentas continuam tão altas quanto eram em 2005 ou 2006.
Ou seja, os homicídios “caem”, mas as mortes violentas de intenção indeterminada explodem durante o governo Cabral (muito conveniente para o governo, não acham?).
Diante de uma política de segurança tão pífia (que tem como únicos resultados “concretos” estatísticas criminais manipuladas), o governo do Rio de Janeiro (e o governador Sérgio Cabral, que vive mais em Paris do que no estado que ele supostamente governa), são necessárias ações espetaculares para parecer que tudo está bem.
Por incrível que possa parecer, a ocupação do Complexo do Alemão com a ajuda de militares da Marinha e do Exército deu um Ibope muito favorável ao nosso governador.
De uma resposta desesperada do governo do estado para tentar conter ataques de criminosos (que colocaram o estado e as autoridades de joelhos), a ocupação do Alemão transformou-se em grande um “triunfo” do governo sobre o “crime organizado”.
Cabral incorporou a figura de “Dwight Eisenhower” e transformou a ocupação do Alemão num Dia D contemporâneo, consubstanciando sua incompetência (de não conseguir impedir a série de ataques criminosos que precederam a ocupação) em uma “suposta” vitória homérica.
Por mais ridículo e ingênuo que isso possa parecer, a imprensa carioca (que come na mão do governo), e a mídia em geral, celebraram a entrada dos policiais no Complexo como se isso fosse algo inédito e inovador (ignorando completamente as operações de 2007 no conjunto de favelas).
Cabral nunca teve momentos de tanta glória quanto naquele momento da ocupação do Alemão e nas semanas subsequentes. Naquele final de 2010, seu medíocre governo conseguiu jogar uma cortina de fumaça sobre seus fracassos e, com todo aquele espetáculo, foi capaz de parecer bom para milhões de ingênuos espectadores.
Mas os bons momentos sob os holofotes passaram. O governo Cabral acaba de sair de uma crise imensa (a manifestação dos bombeiros), da qual sai com sua imagem deveras manchada.
A ocupação da Mangueira, com blindados da Marinha, é uma tentativa desesperada de tentar limpar a imagem do governo, junto à população (que apoiou massivamente os bombeiros).
Só espero que a população (e principalmente a imprensa, que vai informar a população) não caia nesse golpe de marketing de um incompetente governo do estado.
A Mangueira pode ser ocupada com uma viatura ou com 100 blindados. Você, contribuinte, sabe dizer qual a forma mais barata de fazê-lo?
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Moradores de comunidade da zona oeste do Rio presenciam há um mês conflitos armados rotineiros
Moradores da comunidade de Vila Kennedy, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, convivem, há cerca de um mês, com confrontos armados rotineiros. Uma briga de quadrilhas rivais por pontos de vendas de drogas na favela assim como as operações policiais resultantes disso têm feito vítimas e provocado medo nos moradores.
Na última sexta-feira (11), por exemplo, três moradores foram atingidos por balas perdidas durante uma troca de tiros entre criminosos e a polícia. No último dia 5, o menino Marlysson Ribeiro Pereira, de 12 anos, foi morto com um tiro na cabeça, também por bala perdida dos confrontos, enquanto dormia dentro de casa.
Segundo o comandante do 2º Comando de Policiamento de Área (2º CPA), responsável pela zona oeste do Rio, coronel Aristeu Leonardo, a Polícia Militar mantém um policiamento reforçado da Vila Kennedy há três semanas, para tentar evitar novos confrontos entre os criminosos.
E, desde a última sexta-feira (10), policiais dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque reforçam o policiamento também nos complexos da Vila Aliança e Coreia, separados da Vila Kennedy por um morro.
A Vila Aliança e a Coreia são a base de uma das quadrilhas que brigam pelo controle da venda de drogas em Vila Kennedy. “Marginais da lei perderam o controle da comunidade, saíram de lá e agora estão voltando para tentar reaver o território que eles controlavam. Então isso vem trazendo um desequilíbrio nessa região. A Polícia Militar está ocupando a área para não permitir que esses marginais voltem”, disse o coronel Leonardo.
As comunidades da Vila Aliança, Coreia e Vila Kennedy presenciaram, nos últimos anos, inúmeras tentativas de invasão e operações policiais que resultaram em dezenas de mortos e feridos.
Há mais de mil favelas controladas por grupos criminosos armados no Rio de Janeiro. Por outro lado, apenas 50 comunidades são controladas pela polícia, por meio das unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Das favelas com UPP, apenas duas se localizam na zona oeste (Batan e Cidade de Deus). As outras 48 estão na zona sul e na região da Tijuca, áreas mais nobres e menos violentas da cidade, e no Centro.
*Reportagem publicada na Agência Brasil
Na última sexta-feira (11), por exemplo, três moradores foram atingidos por balas perdidas durante uma troca de tiros entre criminosos e a polícia. No último dia 5, o menino Marlysson Ribeiro Pereira, de 12 anos, foi morto com um tiro na cabeça, também por bala perdida dos confrontos, enquanto dormia dentro de casa.
Segundo o comandante do 2º Comando de Policiamento de Área (2º CPA), responsável pela zona oeste do Rio, coronel Aristeu Leonardo, a Polícia Militar mantém um policiamento reforçado da Vila Kennedy há três semanas, para tentar evitar novos confrontos entre os criminosos.
E, desde a última sexta-feira (10), policiais dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque reforçam o policiamento também nos complexos da Vila Aliança e Coreia, separados da Vila Kennedy por um morro.
A Vila Aliança e a Coreia são a base de uma das quadrilhas que brigam pelo controle da venda de drogas em Vila Kennedy. “Marginais da lei perderam o controle da comunidade, saíram de lá e agora estão voltando para tentar reaver o território que eles controlavam. Então isso vem trazendo um desequilíbrio nessa região. A Polícia Militar está ocupando a área para não permitir que esses marginais voltem”, disse o coronel Leonardo.
As comunidades da Vila Aliança, Coreia e Vila Kennedy presenciaram, nos últimos anos, inúmeras tentativas de invasão e operações policiais que resultaram em dezenas de mortos e feridos.
Há mais de mil favelas controladas por grupos criminosos armados no Rio de Janeiro. Por outro lado, apenas 50 comunidades são controladas pela polícia, por meio das unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Das favelas com UPP, apenas duas se localizam na zona oeste (Batan e Cidade de Deus). As outras 48 estão na zona sul e na região da Tijuca, áreas mais nobres e menos violentas da cidade, e no Centro.
*Reportagem publicada na Agência Brasil
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