O comandante das unidades de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro, coronel Robson Rodrigues, afirmou hoje (27) que ainda há “pontos críticos” dentro de favelas cariocas pacificadas, inclusive com a presença de criminosos armados. Criadas em 2008, as UPPs são uma das principais políticas de segurança do governo fluminense e têm por objetivo ocupar comunidades carentes com policiamento comunitário para acabar com o controle de quadrilhas armadas.
“[Pontos críticos] são aqueles pontos onde pode haver criminosos armados, que não vão ser delatados pela comunidade. São locais onde eles possam ter uma rede de proteção. São pontos de difícil interação [da polícia com a comunidade] ainda. Por causa de vários fatores, geográficos, sociais, históricos, há comunidades onde tem um foco maior de resistência à ação da polícia”, disse.
No último sábado (25), três policiais da UPP do Morro da Coroa, inaugurada em fevereiro, foram feridos depois de criminosos lançarem uma granada e atirarem contra eles. O confronto se iniciou quando os policiais foram até uma casa que funcionava como local de preparação de drogas para checar uma denúncia.
Dezesseis áreas da cidade do Rio, que englobam 50 favelas, foram ocupadas pelas unidades pacificadoras desde 2008. O coronel Rodrigues explica que o número de criminosos nessas comunidades é muito menor do que antes da pacificação e que, agora, em vez de fuzis, eles utilizam armas menores, como pistolas e revólveres, que são mais fáceis de esconder. “Temos feito apreensões e, uma vez ou outra, há confronto com armas de fogo. Ainda há muitas prisões. Mas os padrões são completamente diferentes de antes”, conta.
Segundo o comandante, o efetivo das UPPs é insuficiente para garantir o controle ostensivo (presencial) de todo o território das favelas pacificadas. No caso da UPP da Coroa, por exemplo, que também inclui as favelas vizinhas Fallet e Fogueteiro, o efetivo total é de 200 homens, o que garante a permanência simultânea de apenas cerca de 40 homens dentro da favela.
Por isso, de acordo com Rodrigues, para garantir a pacificação efetiva do território, é preciso contar com outras estratégias. “A gente utiliza outras estratégias, estratégias de inteligência. A própria população precisa se tornar uma parceira, para, a cada dia, diminuirmos esses espaços críticos”, disse.
Antes do confronto no Morro da Coroa, já haviam sido registrados outros casos de violência dentro das UPPs. Em março de 2010, um ônibus foi apedrejado e incendiado dentro da comunidade da Cidade de Deus, na zona oeste, a segunda a receber uma UPP, deixando 13 pessoas feridas. Em julho do mesmo ano, um morador do Morro do Cantagalo, na zona sul, foi baleado durante uma troca de tiros entre policiais da UPP da comunidade e homens que estariam vendendo drogas dentro da favela.
Em fevereiro deste ano, um homem morreu depois ser baleado por policiais militares da UPP do Andaraí, na zona norte, supostamente por ameaçar os agentes com uma granada. Já no início deste mês, um jovem de 19 anos foi morto por policiais da UPP do Pavão-Pavãozinho, na zona sul, supostamente depois de trocar tiros com os agentes. A família do jovem diz que ele não era criminoso e que foi executado pelos policiais.
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