O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse hoje (29) que não é possível garantir que as unidades de Polícia Pacificadora (UPP) sejam capazes de impedir a presença de bandidos armados nas favelas pacificadas. A afirmação foi feita depois de o comandante das UPPs, coronel Robson Rodrigues, ter informado, em entrevista à Agência Brasil, que ainda há “pontos críticos com criminosos armados” nas favelas que já passaram pelo processo de pacificação.
“A ideia e o objetivo da UPP é a pacificação, mas seria leviano garantir que vamos retirar [dessas favelas] todas as armas, todas as drogas, todos os criminosos, toda a munição. O que eu digo é que temos sempre que analisar como elas estavam há três, quatro, cinco, dez anos, e como elas estão hoje. Existem problemas? Existem, sim. Mas como isso estava? Está melhor? Está pior?”, indagou Beltrame.
As UPPs, criadas em 2008, são a principal política de segurança do Rio de Janeiro. O objetivo do projeto é ocupar comunidades carentes fluminenses com polícia comunitária para acabar, justamente, com o controle de quadrilhas armadas nesses territórios.
Mas, nos últimos dias, dois episódios mostraram que criminosos armados continuam exercendo controle sobre favelas pacificadas. No último sábado (25), três criminosos jogaram uma granada e atiraram contra policiais da UPP do Morro da Coroa, na região central do Rio. A favela está ocupada pela UPP desde fevereiro deste ano.
Dois dias depois, dois mototaxistas foram executados a tiros em um dos acessos ao Morro do Andaraí, na zona norte – favela que tem UPP há quase um ano. A polícia acredita que a morte tenha ocorrido porque as vítimas teriam se recusado a pagar uma taxa mensal de “pedágio” à quadrilha que controla a venda de drogas na comunidade.
Segundo o secretário, na medida em que forem identificados criminosos, armas e munições nessas áreas, a polícia vai agir. “Não vão ser esses episódios que vão nos desviar dos nossos objetivos. Quando o helicóptero caiu no Morro dos Macacos, a resposta veio um ano depois com a pacificação de 16 mil pessoas. Não podemos garantir que essas ações esporádicas [dos bandidos] não vão acontecer. Problemas, nós vamos ter”, disse Beltrame.
Em dois anos e meio, foram instaladas UPPs em 17 áreas da capital fluminense, que englobam cerca de 50 favelas. A maioria das UPP foi implantada em comunidades da zona sul, Tijuca e centro da cidade.
*Reportagem publicada na Agência Brasil
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