Qual o limite entre a imprensa e os órgãos da Justiça Criminal (polícia, Ministério Publico e Justiça)? A pergunta voltou a minha mente nesta noite, ao acompanhar uma entrevista do comunicador Datena com o secretário nacional de Justiça Romeu Tuma Junior.
Ao assistir à entrevista fiquei me perguntando se Datena era um jornalista entrevistando um suspeito de ligações com a mafia chinesa ou um advogado de defesa do suspeito.
Datena usou um espaço público (o canal de TV é um bem da União concedido a uma empresa privada) para fazer uma pseudoentrevista cujo único objetivo era, claramente, inocentar Tuma Junior.
Sem qualquer pudor, Datena fez questão de afirmar algumas vezes, durante a transmissão, que era amigo de Tuma Junior. Mas nem seria necessário ouvi-lo fazer tal afirmação, já que o comunicador fez inúmeras perguntas das quais ele sabia a resposta, tais como: “Tuma Junior, geralmente um ladrão é uma pessoa que tem muito dinheiro e muitos bens. O senhor tem muitos bens?”, perguntou Datena.
Em seguida, ao ouvir a resposta de que Tuma Junior tem apenas um veículo em seu nome (isso é, no mínimo, estranho, um secretário nacional de Justiça ter condições de possuir apenas UM CARRO), Datena corroborou a situação de pobreza do amigo, ao completar com a frase: “Uma vez nós viajamos juntos e eu pedi R$ 900 emprestado ao Tuma Junior. Na volta, ele me ligou cobrando a dívida. Se ele fosse rico não pediria o dinheiro de volta”.
Que o programa do Datena na Band é um conhecido exemplo de anti-jornalismo, isso todo mundo sabe. O problema é Datena usar um espaço que pertence a mim, a você e a outras 190 milhões de pessoas para defender uma pessoa que ainda está sob investigação por parte de órgãos competentes e sobre que pesam graves acusações.
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