sábado, 8 de maio de 2010

Polícia descobre 11 laboratórios de produção de cocaína no Brasil em dois meses

Em apenas dois meses, pelo menos 11 laboratórios de produção de cocaína foram descobertos no país pela Polícia Federal e por polícias estaduais em diversas operações. O levantamento foi feito pela Agência Brasil com base em informações das polícias ou de notícias de jornais no período de 1º de março a 3 de maio deste ano.

Os laboratórios são usados para transformar a pasta-base de coca, importada de outros países, no produto final a ser consumido pelos brasileiros, seja o cloridrato de cocaína (cocaína em pó) seja a pedra de crack, um subproduto da coca.

O aumento dos laboratórios clandestinos de refino de cocaína no Brasil já havia chamado a atenção da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, que destacou a tendência em seu último relatório, divulgado em março deste ano.

Segundo o chefe da Divisão de Controle de Produtos Químicos da Polícia Federal, delegado Rodrigo Avelar, a maior parte da cocaína que entra no Brasil vem da Bolívia sob a forma de “base”. A transformação da maior parte da droga para consumo final é feita em território brasileiro.

O delegado afirma que isso não é um fenômeno novo e que, há pelo menos dez anos, os traficantes brasileiros têm preferido comprar a cocaína em forma de base, em vez de comprá-la já pronta para o consumo.

“Uma vez que ela chegue aqui em forma de base ou já é feito diretamente o crack ou ela passa pelo processo de refino para que ela chegue à forma do cloridrato. Para os bolivianos é interessante vender a cocaína base, porque eles não precisam gastar dinheiro refinando. Para os brasileiros é interessante comprar a base porque, se ele compra uma droga com um valor relativamente mais baixo, o lucro pode ser maior depois do refino”, disse Avelar.

Avelar chama a atenção, no entanto, para o fato de que nem todos laboratórios encontrados pela polícia são realmente laboratórios de refino. Segundo o delegado, muitos desses locais não refinam a cocaína, mas apenas adulteram a composição da droga pronta, para aumentar seu volume.

De acordo com a Polícia Federal, em 2009, pelo menos 1,4 mil quilos de cocaína foram apreendidos sob a forma de pasta-base. Mas essa é apenas uma parte da coca-base apreendida.

No ano passado, os registros policiais de grande parte das 18,8 mil quilos de cocaína apreendidas não informavam se a droga estava no formato pasta-base ou se já vinha de outro país refinada.

Por isso, segundo Avelar, não é possível dimensionar com exatidão quanto de cocaína não refinada entra no Brasil. O delegado afirmou que a Polícia Federal vem desenvolvendo um projeto chamado de Pequi, que busca identificar o perfil das drogas utilizadas no Brasil.

A partir dessa iniciativa, será possível determinar o percentual da droga que entra no país já refinada e aquele que entra na forma de base, para ser refinado em laboratórios brasileiros.

*Matéria publicada na Agência Brasil

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